Publicada em 12/03/2022 às 10h34
A sucessão estadual em Rondônia vem ganhando forma a cada dia. As eleições estão distantes (2 de outubro para o 1º turno) e as convenções partidárias para escolha dos candidatos a presidente da República, governadores e vices; uma das três vagas ao Senado de cada Estado e do Distrito Federal, Câmara Federal e Assembleias Legislativas se aproximando (20 de julho a 5 de agosto) já mobilizam os dirigentes partidários.
A candidatura a governador é a que agrega maior volume de discussões, pois é o “carro-chefe” de uma campanha política no Estado. O PT já tem seu pré-candidato, o ex-deputado federal e presidente regional do partido, Anselmo de Jesus. O PT sempre foi mais aberto na escolha e apoio aos nomes em condições de concorrer a cargos eletivos e continua assim, mesmo estando juntando as peças, após o impeachment de a ex-presidente, Dilma Rousseff.
Em Rondônia, o que chama a atenção é a posição da cúpula do MDB, hoje comandado pelo senador Confúcio Moura. O experiente político vem sabendo utilizar a sua força dentro do partido, após o “racha” com o ex-senador Valdir Raupp, que sempre foi a maior liderança da sigla no Estado, nas convenções às eleições gerais de 2018.
Até aas eleições de 2018, o senador Raupp comandava, na época o PMDB e buscava mais um mandado. Confúcio tinha deixado o governo do Estado, para concorrer à segunda vaga ao Senado, pois já estava no segundo mandado como governador. A disputa interna pelo apoio maior ao Senado provocou um tumulto com troca de socos, pontapés e até tapa no rosto do ex vice-prefeito de Porto Velho, Emerson Castro (PMDB). Tudo provocado pelo grupo do ex-governador, que abalou o projeto de reeleição de Raupp e Confúcio se elegeu senador.
O senador Raupp tinha convidado o deputado estadual e presidente da Assembleia Legislativa (Ale), Maurão de Carvalho, que era do PP, para se filiar ao PMDB e concorrer ao cargo de governador. Após toda a confusão na convenção peemedebista, na sede do partido em Porto Velho, Maurão acabou sendo efetivado como candidato à sucessão estadual e Confúcio e Raupp ao Senado, pois estavam em disputa duas das três vagas.
Durante a campanha Maurão e Raupp foram ignorados pelo grupo de Confúcio, que só pediu voto a ele. Raupp, que tinha sido o mais bem votado em 2010 com 481.420 votos estava desgastado pela maioria da cúpula do partido e obteve somente 80.370 votos. Mas Maurão provou, que era bom de voto. Somou 173.690 votos, 10.001 a menos, que o atual governador, Marcos Rocha, que era do PSL e teve a ajuda do “efeito Bolsonaro”. Rocha foi para o segundo turno com o ex-senador Expedito Júnior (PSDB) e se elegeu governador.
Hoje o MDB de Confúcio procura um candidato. Em 2019 o presidente regional do partido, deputado federal Lúcio Mosquini, convidou o prefeito de Jaru, João Gonçalves Jr. do PSDB, que foi reeleito em 2020, para se filiar ao MDB e concorrer ao cargo de governador. Joãozinho não aceitou e permanece junto aos tucanos. Na época, Mosquini recebeu críticas de membros do diretório do partido, porque eles não teriam sido consultados para o convite a João Jr.
No final de 2021 Confúcio pediu licença de 4 meses no Senado, para “tratar de assuntos particulares”, e a primeira suplente, Maria Elisa Aguiar assumiu. Hoje ela é senadora de fato e direito e tem todas as regalias, que o cargo oferece, inclusive assistência à saúde para ela e toda a família no Brasil e no exterior. É a legislação brasileira.
Durante o período de licença, Confúcio percorreu várias regiões do Estado, participou de encontros e anunciou, posteriormente, através de uma live, que não seria candidato a governador, cargo que ele já ocupou em dois mandatos seguidos. Após a decisão teve início o “leilão” de quem será o candidato do partido a governador nas eleições de outubro próximo.
Com Confúcio fora da disputa o partido busca um candidato. Como João Jr. não aceitou o convite, foi anunciada uma possível parceria com o deputado federal Léo Moraes, que preside o Podemos no Estado. Ao mesmo tempo em que conversava com Moraes, Confúcio anunciou, que a ex-secretária de Estado da Educação, no seu governo, Fátima Gavioli, hoje ocupando o mesmo cargo em Goiás, foi convidada para concorrer ao governo do Estado pelo MDB.
Estranho, muito estranho é o MDB ignorar o ex-presidente da Ale-RO, Maurão de Carvalho, que chegou ao partido em 2018, como se fosse um intruso um dos motivos que teria provocado o “quebra-quebra” na sede da agremiação no dia da convenção, para escolha dos candidatos, ser efetivado para disputar o governo do Estado e somar mais de 173 mil votos). É importante destacar, que Maurão não teve nenhum apoio de Confúcio e seu grupo na campanha. Raupp, fragilizado com o desgaste natural de um político de ponta e com o poder estremecido devido o tumulto na convenção partidária de 2018, não teve o peso político de outras eleições.
No mínimo é intrigante o MDB estar garimpando candidatos se tem em Maurão um político experiente, com passagens pela prefeitura de Ministro Andreazza, como primeiro prefeito, vários mandatos na Assembleia Legislativa e presidente em duas oportunidades do legislativo estadual. Por isso a pergunta: porque Maurão de Carvalho não é efetivado como pré-candidato do MDB a governador nas eleições de outubro deste ano?