Publicada em 28/03/2022 às 15h21
A Suprema Corte de Justiça (SCJ) de Honduras decide nesta segunda-feira (28) se autorizará que o ex-presidente Juan Orlando Hernández seja extraditado para os Estados Unidos, onde está sendo processado por tráfico de drogas.
Os 15 magistrados da SCJ se reúnem pessoalmente nesta segunda-feira, segundo seu presidente, Rolando Argueta, para resolver um recurso apresentado pelos advogados de Hernández contra a decisão de um juiz que autorizou a extradição em meados de março.
Em 14 de fevereiro, os Estados Unidos solicitaram a extradição de JOH - suas iniciais, como é conhecido -, por conspirar para exportar cerca de 500 toneladas de cocaína para seu território desde 2004.
Um dia depois, foi capturado e aguarda a decisão sobre sua extradição em uma prisão do quartel das forças especiais da polícia, conhecido como Los Cobras.
De acordo com a lei hondurenha, se a Suprema Corte conceder a extradição, os magistrados notificarão o juiz do caso, que ordenará a entrega às autoridades americanas.
Se negado, o réu será liberado imediatamente.
Da prisão, o ex-presidente Hernández se defendeu, reiterando que é "inocente" e "vítima de vingança e conspiração".
"Tenho certeza de que Deus me fará justiça", disse ele em uma carta manuscrita divulgada na segunda-feira.
Reconheceu que está vivendo um momento "doloroso" e que é "difícil estar separado" de seus entes queridos. "Três condenações de prisão perpétua podem fazer de mim um morto-vivo."
Os Estados Unidos inicialmente o destacaram como aliado no combate ao narcotráfico e foram um dos primeiros a reconhecer sua reeleição em 2017, quando a oposição alegou fraude, em meio a protestos que deixaram trinta mortos.
"A justiça vai prevalecer e há argumentos jurídicos sólidos e fortes que foram levantados e que o Supremo Tribunal de Justiça terá que analisar" para rejeitar a extradição, disse a esposa do ex-presidente, Ana García.
Hernández, que deixou a presidência hondurenha em 27 de janeiro após oito anos no cargo, foi indiciado pelos promotores de Nova York como tendo ligações com o tráfico de drogas. Os acusadores acreditam que a atividade de Hernández e seus colaboradores transformou Honduras em um "narco-Estado".