Publicada em 01/03/2022 às 10h22
Porto Velho, RO – Aos 73 anos, Confúcio Moura, do MDB, sabe que um revés em sua série de vitórias na brilhante trajetória política ruiria a biografia construída até aqui.
Moura, então, fez o óbvio: com pelo menos mais quatro anos de Senado Federal garantidos, recolheu os flaps. Isto não significa, sobremaneira, desistir de participar do pleito como articulador ferrenho, papel que sempre exerceu dentro das hostes democráticas.
Agora, a despeito das reiteradas vezes em que exteriorizou seu amor teórico pela sigla criada por Ulysses Guimarães, o congressista nunca foi, na prática, de grupo.
Seus intentos pessoais sempre falaram mais alto que o todo, haja vista o retrospectro administrativo observado no Estado durante os oitos anos em que o geriu. A figura do “bom velhinho”, uma couraça muito bem preservada em seus trejeitos e pronunciamentos, dá vazão a um político contumaz tão voraz quanto qualquer outro nos momentos em que alianças se costuram e parceirias são rechaçadas, especialmente em períodos pré-eleição.
Não à toa o presidente regional de fato do MDB, Lúcio Mosquini, apesar de sua importância como líder da bancada federal, internamente soa como mero coadjuvante, uma figura decorativa nos momentos cruciais em que a agremiação passa a tomar decisões definitivas.
Lado outro, não importa a direção do olhar, lá está Confúcio: tratando, negociando, tomando as rédeas, deliberando e dando as cartas no mundo empírico.
E quem dá as cartas precisa entender de blefe. E de blefe, oras, Moura é profissional.
O MDB não está com a bola toda. Porém, no discurso, “ninguém ganha eleilção em Rondônia sem apoio do MDB”. Uma meia-verdade não deixa de ser mentira.
Porque, convenhamos, em 2018 a legenda foi à lona logo no primeiro turno: depois adotou a neutralidade e deixou a água correr por debaixo da ponte.
Então, menos... bem menos, senador.
Léo Moraes no encontro de emedebista em 2022 / Reprodução-MDB
Agora, sem Confúcio na titularidade e sem nomes expressivos que possam fazer frente à superfusão de Marcos Rocha, do União Brasil, com Hildon Chaves, do PSDB, prefeito de Porto Velho, à exceção de Vinícius Miguel, do Cidadania, corredor solo, resta Léo Moraes (Podemos).
E Léo Moraes é o ás, a carta da manga dos emedebistas.
Quando governador ,Confúcio o apoiou à Prefeitura de Porto Velho na campanha de 2016. Hoje, o deputado federal pode contar de novo com a benção dele e do fortíssimo grupo em sua volta.
Os nomes fortes da sigla querem recondução para os cargos que já ocupam, logo o protagonismo em si está fora de cogitação.
Moraes, que não entra em campo para perder, seria a solução mais contundente para a deficiência de quadros populares – já que o único passível de vitória jogou a toalha.
Léo Moraes encontrou uma única derrota em sua escalada pública de atuações representativas, justamente há seis anos, quando teve sobre seus ombros as mãos de Confúcio Moura.
Se lançado com aval emedebista, terá o condão de reverter o dissabor vivenciado lá atrás?
De qualquer maneira, desenha-se, desde já, uma espécie de reedição daquilo que foi Hildon Chaves versus Léo Moraes, com cartas diferentes em mãos distinas.
A sorte está lançada!