Publicada em 05/04/2022 às 14h39
O escritório da alta comissária da ONU para os Direitos Humanos expressou, nesta terça-feira (5), sua preocupação com as medidas excepcionais aprovadas em El Salvador para frear a violência das gangues, denunciando supostos "tratamentos cruéis" contra membros de gangues presos.
"Estamos profundamente preocupados com a série de medidas introduzidas recentemente em El Salvador em resposta ao aumento dos assassinatos por gangues", disse a porta-voz da alta comissária Liz Throssell, em uma nota de imprensa divulgada em Genebra.
O presidente salvadorenho Nayib Bukele impulsionou a aprovação no Congresso (controlado por seus aliados) das medidas de emergência, restringindo as liberdades civis e ampliando os poderes da polícia, como resposta a uma onda de 87 homicídios entre 25 e 27 de março.
De acordo com Throssell, desde que entrou em vigor o estado de exceção, em 27 de março, forças policiais e do exército foram enviadas para áreas com presença de gangues e, "segundo informações, recorreram ao uso desnecessário e excessivo da força".
Na segunda-feira, Bukele afirmou que mais de 6.000 membros de gangues foram detidos em nove dias de vigência do estado de exceção, que permite que as autoridades prendam, sem ordem judicial, os suspeitos de fazer parte dessas gangues.
"Algumas" pessoas detidas por supostamente fazer parte de uma gangue "foram supostamente submetidas a possíveis tratamentos cruéis, desumanos e degradantes", acrescentou Throssell.
"Reconhecemos os desafios representados pela violência das gangues em El Salvador e o dever do Estado de garantir a segurança e a justiça. No entanto, é impreterível que isso seja feito de acordo com o direito internacional dos direitos humanos", acrescentou a porta-voz da alta comissária da ONU para os Direitos Humanos.