Publicada em 09/04/2022 às 09h42
A Ucrânia se mantém "disposta" a negociar com a Rússia, ainda que as conversas entre os dois lados estejam suspensas desde a descoberta de atrocidades em várias cidades próximas a Kiev em meio à retirada das tropas russas, disse nesta sábado (9) o presidente ucraniano Volodimir Zelenski.
"Estamos dispostos a lutar e a buscar paralelamente caminhos diplomáticos para parar esta guerra. Por enquanto, temos interesse em manter um diálogo de forma paralela", afirmou em uma entrevista coletiva ao lado do chanceler da Áustria, Karl Nehammer, que está em visita oficial ao país.
Zelenski, pediu "uma resposta mundial firme" e não apenas uma condenação, após o bombardeio mortal de sexta-feira contra uma estação ferroviária em Kramatorsk, no leste da Ucrânia, onde muitos civis tentavam fugir de uma iminente operação russa de grande envergadura.
"É mais um crime de guerra da Rússia pelo qual algum dos envolvidos deverá ser responsabilizado", disse o presidente em mensagem de vídeo após o ataque com míssil que matou 52 pessoas, incluindo cinco crianças.
"As potências mundiais já condenaram o ataque da Rússia a Kramatorsk. Esperamos uma resposta mundial firme contra este crime de guerra", acrescentou.
O presidente americano, Joe Biden, denunciou uma "horrível atrocidade" de Moscou que, por sua vez, negou envolvimento no ataque, assegurando que não dispunha do tipo de míssil usado e que o bombardeio tinha sido uma "provocação" ucraniana.
No entanto, um alto funcionário da Defesa americana destacou que os russos "notificaram inicialmente um ataque exitoso" e que "se retrataram unicamente após informações sobre vítimas civis".
De fato, o ministério russo da Defesa tinha informado na sexta-feira sobre a destruição com mísseis de alta precisão de "armamentos e outros equipamentos militares nas estações de Pokrovsk, Sloviansk e Barbinkove", localidades próximas a Kramatorsk, "capital" da parte do Donbass ainda sob controle de Kiev.