Publicada em 06/04/2022 às 11h31
Criado através da Lei Municipal nº 1.762/2007, o Centro de Referência Especializado da Assistência Social no Atendimento à Mulher Vítima de Violência Doméstica (CREAS Mulher), da Prefeitura de Porto Velho, atua na reconstrução da cidadania, no resgate da autoestima e na reestruturação física, emocional e social de mulheres vítimas de violência doméstica.
De acordo com a diretoria do CREAS Mulher, atualmente mais de 1,5 mil mulheres fazem parte da rede de apoio coordenado pela Secretaria Municipal de Assistência Social (Semasf).
Ainda de acordo com a diretoria, em 2021 cerca de 310 casos foram atendidos pelo órgão, do qual apenas 27% seguiram com os cuidados até o fim. O que significa que 73% dos atendimentos realizados pelo centro foram abandonados ao longo dos procedimentos. Já no primeiro trimestre de 2022, o número de evasão assistencial chega a 63% dos quase 100 atendimentos realizados nas áreas social, psicológica e jurídica.
Uma pesquisa realizada pelo Ministério Público de Rondônia (MP-RO) identificou que as principais causas relacionadas à evasão assistencial estão intimamente ligadas a vergonha e medo de procurar ajuda.
Outro fator que também leva a vítima a abandonar os atendimentos é a sensação de fracasso, culpa, esperança de mudança comportamental do agressor, falta de apoio familiar e de amizades, dependência econômica, princípios religiosos e preocupação com filhos.
“Caso a mulher tenha seus direitos violados, um vizinho ou qualquer outra pessoa que testemunhou a agressão pode entrar em contato através do 190, ou também pelo 180, para denunciar, e se precisar vir diretamente ao centro, temos uma equipe à disposição para atender”, afirma Raisa Cristina, diretora do CREAS Mulher.
TIPOS DE VIOLÊNCIA
Entre os tipos de violência relatados pelas vítimas estão a psicológica, física, moral, sexual, virtual e patrimonial.
Na violência psicológica, a vítima sofre perseguição, humilhação, ameaça, chantagens, controle da vida social e isolamento.
Na violência física, agressões com tapas, socos, queimaduras, mordidas, empurrões e puxões de cabelo são alguns exemplos do tipo de violência relatada. Por vezes resultam em feminicídio.
Na violência moral, a vítima deste abuso sofre injúrias, difamação e calúnia.
Na violência sexual, a vítima é obrigada a manter relações forçadas. Outra característica deste tipo de abuso é realizar atos libidinosos em troca de dinheiro ou bens, impedimento do uso de métodos contraceptivos, forçar gravidez e aborto.
Na violência virtual, o agressor divulga/compartilha fotos e vídeos íntimos pela internet sem a autorização, com o objetivo de humilhar ou chantagear.
Thais Tudela, psicóloga do Creas MulherJá a violência patrimonial é quando o agressor provoca a quebra de móveis, celulares, objetos pessoais, além de reter valores em dinheiro para que a vítima não tenha acesso a meios de pagamentos. Rasgar fotos com o intuito de abalar a vítima também é configurado como violência patrimonial.
COMO IDENTIFICAR
Embora fuja da regra, alguns sinais podem indicar o comportamento agressivo de um parceiro violento. Comportamento controlador, comportamento de crueldade com animais e crianças, prática de abuso verbal, desenvolvimento de expectativas irreais com relação à parceira, negação de abusos em relacionamentos passados e mudança de ritmo da relação amorosa.
“Geralmente a mulher que passa anos da vida suportando uma situação de violência, acaba com problemas psicológicos e psiquiátricos, levando ela a ter crises de ansiedade e até mesmo depressão, por conta das ofensas acaba ficando com baixa autoestima, muitas ficam com insônia e até mesmo confusão mental”, destaca a psicóloga Thais Tudela.
Ainda de acordo com a psicóloga do CREAS Mulher, o ciclo de agressão tem três fases: tensão, explosão e lua de mel. Durante a fase de tensão é comum haver uma falha na comunicação com discussão. O que faz que muitas mulheres prefiram evitar conflitos ficando calada, isolada e com medo.
Além da rede de apoio, Prefeitura trabalha com a conscientização sobre o temaNa fase de explosão, o agressor perde o controle e parte para agressão física. Nesta circunstância, a mulher chama a polícia, sai de casa e procura um abrigo.
Já na fase lua de mel, o ofensor pede desculpas prometendo mudar o comportamento e não praticar os mesmos atos. Neste caso, ocorre um novo entendimento entre o casal. Com o passar do tempo, os intervalos entre uma agressão e outra ficam menores, o que provoca o aumento da frequência de abusos. Em alguns casos o ciclo de violência termina em feminicídio.
CONTATO
O Creas Mulher está localizado na rua Antônio Lourenço (antiga Venezuela), nº 2360, no bairro Embratel, ao lado da Maternidade Municipal Mãe Esperança.
Telefones: (69) 3901-3640 e 98473-4725.
O horário de atendimento é de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h.