Publicada em 14/04/2022 às 10h25
Um grupo de pesquisadores encontrou uma página inédita da história ao escavar um poço de argila na Alemanha, e encontrar ossos de uma ave de 11 milhões de anos nunca antes descrita pela arqueologia.
Batizada como Allgoviachen tortonica, a espécie de pássaro pré-histórico foi encontrada em 2020, no poço de Hammerschmiede, por especialistas do Instituto de Pesquisa Senckenberg, do Museu de História Natural de Frankfurt, e do Centro Senckenberg para Evolução Humana e Paleoambiente da Universidade de Tubinga, na Alemanha, mas a pesquisa foi concluída e publicada em 7 de março, na revista científica Historical Biology.
De acordo com o artigo, o pássaro tinha 70 centímetros, pesava cerca de 2 quilos, e vivia no solo das zonas úmidas e arvores do sul da Alemanha, e a descoberta é especialmente rara, segundo os pesquisadores, para aves aquáticas fossilizadas: uma perna da ave foi encontrada completamente preservada e com garras expostas.
“Assim como os patos Dendrocygnidae que vivem hoje, que têm garras semelhantes, elas provavelmente possuíam a capacidade de pousar em árvores durante os períodos de descanso”, afirmou Gerald Mayr, principal autor do estudo.
Pelo fato da perna do pássaro ter sido encontrada cortada na altura da coxa, a pesquisa sugeriu que o animal provavelmente foi atacado por uma tartaruga gigante que vivia no período na região do rio Hammerschmiede – o local onde hoje se encontra o poço de argila era atravessado por diversos rios, e nesse cenário se supôs que o pássaro descoberto tenha sofrido o ataque enquanto nadava.
“A preservação completa de todos os ossos confirma esse cenário”, afirma Thomas Lechner, diretor da escavação. Além da A. tortonica, outras quatro aves aquáticas menores foram descobertas na mesma expedição.
A descoberta dos fósseis no local reitera a importância única do poço de argila como sítio arqueológico: mais de 140 espécies de vertebrados foram encontradas em Hammerschmiede, e ainda o Danuvius guggenmosi, primeiro grande símio descoberto capaz de andar na vertical.
“As últimas descobertas sublinham mais uma vez a importância mundial do poço de argila de Hammerschmiede para o estudo do mundo animal no período entre 12 [milhões] e 11 milhões de anos atrás”, confirma a professora Madelaine Böhme, que lidera escavações no local desde 2011.