Publicada em 27/04/2022 às 15h08
As inundações provocadas por fortes chuvas que afetam esta semana mais de 20.000 pessoas em uma região agropecuária do oeste da Venezuela, mantêm seus habitantes entre a angústia e o desespero pela destruição das colheitas e suas casas alagadas.
Várias cidades ao sul do lago de Maracaibo, no estado de Zulia, ficaram debaixo d'água após o rompimento de diques nas margens dos rios que atravessam esta região, uma situação que se repete pelo segundo ano consecutivo em meio a denúncias de falta de investimento estatal.
As chuvas, que caem desde sábado, afetaram mais de 12.500 hectares, segundo as autoridades, que não informaram até agora falecidos ou desaparecidos.
A força das correntezas é tanta que rebanhos de vacas foram arrastados dos seus currais.
A temporada chuvosa começou mais cedo esse ano, o que causou inundações em cinco estados do ocidente do país, além de Caracas. O governo, que informou, em 2021, sobre chuvas acima de 65% das médias históricas, atribui o fenômeno às mudanças climáticas.
"Seguimos apegados a Deus porque é muita angústia, o desespero. Desta vez, é pior, há mais água", disse à AFP por telefone Yolnerru Páez, residente do povoado de La Fortuna, cujas casas, cultivos e animais ficaram novamente submersos.
Em La Fortuna, um assentamento que baseia sua atividade econômica no cultivo de bananas e a pecuária, 220 famílias ficaram incomunicáveis pelas cheias do rio Chama, de 200 quilômetros e que nasce no estado vizinho de Mérida.
"Oramos por nosso povoado onde nascemos, onde fomos felizes, nos dá tristeza que desapareça", relata Tolnerru.
As inundações registradas em setembro de 2021 deixaram Nírciso Sánchez, um agricultor de 55 anos, próximo à falência. Boa parte de seus oito hectares de banana foram arrasados e quando tentava se levantar, voltaram as cheias com maior força este ano.
"80% do que plantamos de banana não estamos colhendo nada. Muitas plantações foram perdidas", acrescenta Nírciso. "Isso está pior que no ano passado... Pelo caminho que vamos, La Fortuna vai desaparecer".
O presidente Nicolás Maduro decretou estado de emergência e ordenou a ativação de um fundo de atenção para os afetados de 10 milhões de bolívares (pouco mais de 2 milhões de dólares), que será "renovável".