Publicada em 30/04/2022 às 09h14
Porto Velho, RO – O senador de Rondônia Marcos Rogério, do PL, vive o apogeu de toda a sua vitoriosa – e meteórica –, carreira política. Paralelamente, seria como dizer que o congressita acertou na Mega-Sena das convenções que regem o Poder em Brasília.
Isto porque lá atrás em 2018 quando de maneira inédita em sua biografia o membro da Câmara Alta, vindo da Baixa, aproveitando o boom do bolsonarismo no Brasil, tirou sua primeira foto fazendo o famigerado gesto da “arminha”, popularizado pelo regente do Planalto, eleito naquele ano.
Nascia ali o subalterno de uma pauta só, como qualificou três anos depois e de maneira apropriada o seu colega Alessandro Vieira (Cidadania-CE) quanto entoou ao jornalista:
“O Senado não tolera sabujice”.
Vieira foi “na mosca” ao descrever Rogério, mas errou feio na acertiva quanto à instituição. Porque o Senado não só tolera sabujice, como dá palco e a promove, tornando seus adeptos figuras de importância nacional, que falam às emissoras supostamente representando o povo brasileiro e em prol do País.
Ou seja, no dia 10 de abril daquele ano ficou claríssima a diferença entre o Marcos Rogério do gogó, da conversinha, do papo furado, e o Marcos Rogério da ação, dos fatos, do empírico. E a distância entre o homem e o personagem, portanto, é abissal.
Marcos Rogério está no PL, partido do Mensaleiro indultado Valdemar Costa Neto
E essa é só uma faceta que não leva em conta contradições, como, por exemplo, o fato de ter entrado no partido de Valdemar Costa Neto, preso no escândalo do Mensalão. Neto foi condenado a 7 anos e 10 meses de cadeia por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, mas acabou indultado por Luis Roberto Barroso em 2016.
Marcos Rogério nunca falou sobre a corrupção do correligionário.
A despeito das imperfeições, ainda assim o neobolsonarista tem, de fato, potencial para ser o principal concorrente do atual governador Coronel Marcos Rocha, do União Brasil.
E sua postura enquanto pré-candidato já eviscera de maneira objetiva qual será seu comportamento durante a campanha: cem por cento ataque, pouca proposição.
Na entrevista concedida ao programa “A Hora do Povo”, veiculado pela Rádio Caiari FM, 103,1, e conduzido por Arimar Souza de Sá, Rogério praticamente volta as baterias à atual gestão do Palácio Rio Madeira. E com razão, porque este é o papel da oposição. Porém, o membro do PL vai além: enquanto disursa, tenta, a todo o custo, limar a conexão entre Rocha e Bolsonaro.
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Ele alega não querer ser eleito porque é “amigo” do presidente, mas a maior parte da sua composição enquanto pessoa pública está relacionada à simbiose político-institucional com o morador do Alvorada.
O Marcos Rogério de hoje só chegou onde chegou e só está onde está pora causa da relação com Jair Bolsonaro.
E a campanha, no fim, será sobre isso: num estado de maioria ainda bolsonarista, a primeira disputa visará fatia do eleitorado mais à direita. Sobre quem, na realidade, representa o espectro.
Ainda assim, no frigir dos ovos, e estabelecendo paralelos com o que há no menu, o senador da República é um bom político, regular. E tem ferramentas bem mais contundentes do que a verborragia contumaz vista a cada 2 anos por arquétipos políticos que disputam funções no Executivo. Essa tática, tanto quanto batida, soa como despero. E a exasperação com voz de locução não lhe cai bem também.
Se escolher o caminho das propostas em vez das frases de efeito e bordoadas gratuitas, ou ao menos mesclar uma coisa com outra, com certez o horizonte será mais favorável à vitória.