Publicada em 01/04/2022 às 14h24
A Cruz Vermelha está novamente a caminho de Mariupol com o objetivo de tentar retirar civis, depois de o cessar-fogo prometido pela Rússia nessa quinta-feira (31) não ter sido cumprido. A abertura de um corredor humanitário foi adiada para hoje, mas as autoridades ucranianas denunciam que a cidade continua fechada e “muito perigosa” para quem tenta sair.
Veículos de ajuda humanitária da Cruz Vermelha ficaram retidos na cidade de Zaporizhzhia por motivos de segurança.
De acordo com a BBC, três veículos da Cruz Vermelha partiram de Zaporizhzhia para Mariupol a fim de retirar civis, depois de terem recebido garantias de segurança por parte da Ucrânia e da Rússia. "Temos permissão para avançar e estamos a caminho de Mariupol. Temos esperança de que a operação comece hoje", disse Ewan Watson, porta-voz do Comité Internacional da Cruz Vermelha.
A viagem a Mariupol foi considerada "desesperadamente importante", já que dezenas de milhares de pessoas continuam presas na cidade que tem sido constantemente bombardeada pelas tropas russas. "A população precisa desesperadamente desse corredor humanitário", afirmou Watson. No entanto, as equipes da Cruz Vermelha não tiveram autorização para levar ajuda humanitária. A abertura do corredor deveria ter ocorrido ontem, mas foi adiada por 24 horas, depois dos pedidos dos presidentes francês e alemão.
O assessor da administração de Mariupol, Petro Andryushchenko, disse que as forças russas têm impedido a entrega de ajuda humanitária na cidade, deixando claro que a abertura do prometido corredor humanitário não foi cumprida.
"A cidade continua fechada para quem tenta entrar e muito perigosa para os que tentam sair com transporte pessoal", disse o administrador local pelo Telegram.
"Além disso, desde ontem, os ocupantes não permitiram categoricamente a entrada de nenhuma ajuda humanitária - mesmo em pequenas quantidades”, acrescentou.
Ônibus retidos
Nessa quinta-feira, surgiram notícias promissoras para os 170 mil moradores de Mariupol que continuam retidos na cidade sitiada pelas forças russas, sem energia e com alimentos cada vez mais escassos.
Kiev enviou 45 ônibus para a cidade portuária, a fim de ajudar a retirar civis, depois de o Ministério russo da Defesa ter anunciado, quarta-feira, "regime de silêncio", ou seja, um cessar-fogo local, a partir das 10h de quinta.
No entanto, as autoridades ucranianas dizem que os ônibus nunca chegaram à cidade. A vice-primeira-ministra da Ucrânia, Iryna Vereshchuk, afirmou que alguns veículos ficaram retidos em um posto de controle russo e que 14 toneladas de ajuda humanitária, como bens alimentares e medicamentos, com destino a Melitpol, foram confiscadas.
Iryna disse ainda que 1.458 pessoas chegaram a Zaporizhzhia ontem em seus próprios carros, sendo 631 provenientes de Mariupol e 827 das cidades de Berdiansk, Enerhodar, Melitopol, Polohy, Huliapole e Vasylivka, na região de Zaporizhzhia.
Mariupol, porto estratégico no Mar de Azov, com mais de 400 mil habitantes, tem sido um dos principais focos da invasão russa na Ucrânia, que teve início há cinco semanas, e tem sofrido bombardeios quase constantes. A administração de Mariupol estima que 5 mil civis foram mortos desde o início da invasão russa.
Várias tentativas de organizar corredores humanitários têm falhado, com a Rússia e a Ucrânia trocando acusações. Moscou nega reiteradamente ter civis como alvos em seus ataques.