Publicada em 25/04/2022 às 09h01
Os mercados globais operavam em queda nesta segunda-feira (25) devido às expectativas de uma mudança na política monetária nos Estados Unidos e temores sobre a situação sanitária na China, onde as restrições anticovid ameaçam o crescimento econômico.
As ações chinesas eram negociadas no vermelho, com o índice Hang Seng caindo 3,85%, o Shanghai Composite Index perdendo 5,13% e o segundo mercado da China, Shenzhen, despencando 6,48%.
Na Europa, as Bolsas ignoraram a reeleição do presidente francês Emmanuel Macron, que já havia sido antecipada pelos mercados, e registravam perdas na abertura por temores de que o Federal Reserve (Fed) americano reforce sua política econômica e por conta da situação sanitária chinesa.
A Bolsa de Paris abriu com queda de 1,98%, Frankfurt recuava 1,65%, Milão também registou perdas de 1,61% e Londres e Madri confirmaram a tendência com quedas de 1,70% e 0,69%, respetivamente.
Quase todos os 25 milhões de habitantes de Xangai, a capital econômica chinesa, estão confinados desde o início de abril, o que tem perturbado as cadeias de suprimentos.
Agora há temores de que um confinamento também afete Pequim, após um avanço nas infecções.
O analista Jeffrey Halley, da consultoria Oanda, indicou que isso "reforça os temores de que (a política) de covid zero afete o crescimento na China".
O petróleo também não ficou imune às tendências, com o barril de Brent do Mar do Norte com entrega em junho caindo 4,51% - para 101,84 dólares - e o barril West Texas Intermediate (WTI) americano para o mesmo mês caindo 4,55% - para 97,43 dólares.
"O clima de mercado é afetado pela situação na China, onde a pandemia de covid-19 está piorando", comentou Walid Koudmani, analista da XTB.
"Como a China é a segunda maior economia do mundo, essa situação tem um efeito direto no mercado de commodities", destacou Koudmani.
A demanda chinesa por certos tipos de combustível – gasolina, diesel e querosene de aviação – já caiu 20% em abril de 2022 em relação ao ano anterior, informa a Bloomberg, citando fontes do ministério da Energia chinês.
- Expectativas sobre o Fed -
Por sua vez, a Bolsa de Valores de Nova York fechou em forte queda na sexta-feira, com o Dow Jones registrando o pior resultado em um único dia desde outubro de 2020.
O presidente do Fed, Jerome Powell, declarou na quinta-feira que um aumento de meio ponto percentual na taxa básica "está sobre a mesa" na próxima reunião do banco central americano no início de maio.
Analistas do Saxo Banque observam que alguns grandes bancos até antecipam uma normalização da política monetária com duas altas de 75 pontos base em junho e julho.
"Não é um cenário irracional, dada a forte progressão da inflação", acrescentaram os especialistas.
Em relação à reeleição de Macron, ela "já havia sido integrada" na semana passada, estimou Jeffrey Halley.
"A clara vitória de Emmanuel Macron tranquiliza os mercados sobre a continuidade da dinâmica europeia", destaca Frédéric Leroux, membro do comitê de investimentos estratégicos da Carmignac.
No domingo, o euro foi sustentado pelos resultados, nas primeiras horas de negociação na Ásia. Mas nesta segunda-feira sofria com uma tendência mais ampla e, às 4h05 (de Brasília), recuava 0,53%, a 1,0733 dólar por unidade, já que o dólar se beneficiou das expectativas de um aperto na política do Fed.