Publicada em 28/04/2022 às 09h42
Numa votação histórica, o Parlamento alemão aprovou o fornecimento de "armas pesadas" à Ucrânia. A ajuda militar foi apoiada pela coligação do Governo e pelo maior partido da oposição.
O Parlamento alemão aprovou esta quinta-feira (28.04) por maioria esmagadora uma petição de apoio à Ucrânia para o envio de armas a Kiev, incluindo "armas pesadas", a fim de ajudar no combate contra as tropas russas.
"A par do amplo isolamento económico e da dissociação da Rússia dos mercados internacionais, o meio mais importante e eficaz para impedir a invasão russa é intensificar e acelerar a entrega de armas eficazes e sistemas complexos, incluindo armas pesadas", lê-se no documento.
A petição foi apoiada tanto pelos três partidos da coligação governamental como pelos conservadores da oposição, tendo passado com 586 votos a favor, 100 contra e sete abstenções, segundo o vice-presidente do Bundestag, Wolfgang Kubicki.
Esta semana, o Ministério da Defesa alemão anunciou o envio de tanques "Gepard" a Kiev. Na semana passada, o chanceler Olaf Scholz já havia adiantado que Berlim mandaria "armas pesadas" para os soldados ucranianos.
A Alemanha também destacará mais soldados para reforçar a presença da NATO no leste europeu, e encorajará os soldados russos a deporem as armas e a procurarem asilo na Alemanha e na UE.
Críticas ao apoio alemão
O partido da extrema-direita AfD opôs-se à iniciativa aprovada hoje no Parlamento, afirmando que se sentia próxima de uma declaração de guerra.
A petição iria prolongar os combates na Ucrânia e "poderia fazer-nos parte de uma guerra nuclear", disse o deputado mais antigo do Bundestag, Tino Chrupalla, da AfD.
O Partido de Esquerda (Die Linke) também foi contra a iniciativa, apontando para declarações anteriores do chanceler Olaf Scholz sobre como as entregas de armas pesadas aumentam o risco de uma escalada nuclear.
Vários deputados, incluindo o chefe da CDU, Friedrich Merz, criticaram severamente Scholz por se ter ausentado numa visita diplomática ao Japão enquanto o Bundestag discutia o assunto.
Balanço da guerra
A ONU confirmou a morte de 2.787 civis desde 24 de fevereiro, mas tem alertado para a probabilidade de o número real ser consideravelmente superior.
O conflito levou mais de 5,3 milhões de pessoas a fugir da Ucrânia, na pior crise de refugiados na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia, segundo a ONU.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, está hoje em Kiev, onde se reunirá com o Zelensky e também com o ministro dos Negócios Estrangeiros, Dmytro Kuleba.