Publicada em 14/04/2022 às 09h37
Porto Velho, RO – No fim das contas o atual prefeito de Porto Velho Hildon Chaves, do PSDB, colocou o senador de Rondônia Marcos Rogério, do PL, “para dançar”.
Ao provocar o membro do Senado Federal dizendo em entrevista que este não teria apresentado até então postura de pré-candidato, o tucano praticamente obrigou o membro da Câmara Alta a colocar a cabeça para “fora do casco”.
E o açoite doeu tanto em Rogério que seu blefe foi extinto pela própria vaidade. Em suma, em vez de ganhar tempo evitando desgaste desnecessário enquanto enrolava para declarar oficialmente a decisão, ele caiu na casca de banana e usou o mesmo espaço concedido pela Rede Record regional para responder ao alcaide.
Entretanto, como de praxe, o político mais próximo do Planalto resolveu ignorar Chaves e decidiu partir para a ofensiva retórica na direção de seu potencial principal adversário nas eleições de 2022: Coronel Marcos Rocha, do União Brasil.
Críticas sobre quaisquer gestões são sempre válidas: por isso a argumentação a respeito da Administração Pública, em todos os níveis, tem de ser trazida à tona. Até porque a sociedade tem o direito e também o dever de abstrair o contexto e responder à altura na hora do voto.
O senador, como os demais legisladores, sejam vereadores, deputados estaduais ou federais, é, sobretudo, fiscal do povo. Preciso estar atento aos desenlaces do Poder Executivo, cobrar atitudes e denunciar a omissão.
Infelizmente para os rondonienses a indignação de Marcos Rogério é seletiva.
Como disse em 2019 o deputado Zeca Dirceu, do PT do Paraná, ao designar o ministro Paulo Guedes, adaptando sua fala é possível inferir que o congressista de Ji-Paraná é “tigrão” em relação ao Executivo estadual, mas “tchutchuca” quando o assunto é o morador do Alvorada, seu correligonário Jair Bolsonaro.
Natural que seja assim, vez que existe até mesmo a possibilidade de Rogério se tornar líder do governo federal no Senado a despeito da eventual candidatura à sucessão.
A raiva mal-disfarçada em seu “sorriso amarelo” na reportagem veiculada pel SIC TV, lado outro, o colocou numa posição perigosa.
Quando Marcos Rogério acusa seu xará de fazer “distribuição de recursos para compra de apoio de prefeitos do estado de Rondônia” embora esteja mirando exclusivamente o governador acaba atingindo também outros 52 gestores municipais.
Porque um comprador só pode comprar aquilo que esteja à venda. E é óbvio que a conotação da acusação intentada por Rogério é obtusa e conserva, no mínimo, status de imoralidade. Portanto no mundo real caberia a ele comprovar essa “transação” que, por ora, reside exclusivamente no âmago de seus pensamentos.
E aí, 52 dois prefeitos, que poderiam até mesmo apoiá-lo em sua nova aventura eletiva – à qual pode se lançar sem receio algum porquanto seu mandato perdurará até 2026, são ofendidos de graça, deliberadamente.
O político precisa decidir desde já se quer fazer uma campanha beligerante, ofensiva, incorporando esse bolsonarismo artificial que nunca lhe pertenceu, ou se partirá para algo mais propositivo.
Ao chutar 53 canelas de uma vez só numa única frase se tem uma ideia sobre a sua escolha.