Publicada em 01/04/2022 às 13h30
As autoridades ucranianas informaram à Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea) que a antiga Central Nuclear de Chernobyl está novamente sob controle do país, após a saída das tropas russas que a ocupavam desde 24 de fevereiro. O diretor-geral da Aiea está no enclave russo de Kaliningrado, no mar Báltico, para dialogar com altos funcionários de Moscou.
As tropas russas “transferiram o controle da fábrica para os ucranianos por escrito e dois comboios de militares para a Bielorrússia”, informou a agência em comunicado.
De acordo com a Aiea, um terceiro comboio russo partiu para a Bielorrússia, da cidade de Slavutych (norte), onde vive grande parte dos gestores de resíduos radioativos de Chernobyl.
O órgão de vigilância nuclear da Organização das Nações Unidas (ONU) revelou que está se preparando para enviar uma missão às instalações de resíduos radioativos de Chernobyl, no Norte da Ucrânia.
Segundo o comunicado, no local da central, onde ocorreu o maior desastre nuclear da história, em 1986, ainda existem “algumas forças russas”, embora as autoridades ucranianas “presumam” que estão se preparando para partir.
Níveis de radiação
A Agência Internacional de Energia Atômica “não conseguiu confirmar”, até o momento, informações de que soldados russos teriam sido expostos a elevados índices de radiação, enquanto se mantiveram na área. E “continua a procurar mais informações para fornecer uma avaliação independente da situação”.
O regulador ucraniano Energoatom informou que as tropas russas foram expostas à radiação depois de terem construído “fortificações” e cavado trincheiras “no meio da Floresta Vermelha, a mais contaminada de toda a zona de exclusão” em torno de Chernobyl.
“Os ocupantes receberam doses significativas de radiação e entraram em pânico ao primeiro sinal da doença. E isso manifestou-se muito rapidamente. Como resultado, quase ocorreu um motim entre os militares [russos]”, acrescentou o Energoatom.A Central Nuclear de Chernobyl, localizada ao norte de Kiev, não está ativa, mas ainda requer tarefas de controle, análise e vigilância.
A Ucrânia não confirmou se os militares que receberam grandes doses de radiação foram transferidos para a Bielorrússia para tratamento, comentário que circulou nas redes sociais nessa quinta-feira.
Após ser ocupada pelo Exército russo em 24 de fevereiro, a antiga fábrica tem sido motivo de preocupação para a Aiea. Os funcionários que trabalhavam lá ficaram detidos por quase um mês, sem descansar.
Só em 20 de março começou o rodízio dos trabalhadores, que terminou no dia seguinte. Desde então, a “Ucrânia não relatou nenhuma rotatividade de pessoal”, acrescentou a agência.
A Ucrânia tem atualmente 15 reatores nucleares operacionais em quatro centrais, mas apenas nove estão em funcionamento - dois na central de Zaporizhzhia, sob controle militar russo, quatro em Rivne, um em Khmelnytskyy e dois no Sul do país. Os outros reatores estão fechados para manutenção regular.
O diretor-geral da Aiea, Rafael Grossi, está no enclave russo de Kaliningrado, no mar Báltico, para dialogar com altos funcionários russos.