Publicada em 14/05/2022 às 10h37
A janela de migração partidária, aberta de 3 de março a 1º de abril, que possibilitou a mudança de partidos dos deputados (federal e estadual) sem problemas com a Justiça Eleitoral, como a perda de mandato provocou uma reviravolta na política regional. A troca de partido, se foi boa para vários deputados, para alguns não foi uma boa opção, pois deixaram de ser pedra para se tornar vidraça.
Na área federal, dos oitos deputados três mudaram de partido em busca de novos horizontes. Mariana Carvalho presidia o PSDB e seu maior adversário no partido, o ex-senador Expedito Júnior, já tinha deixado o ninho tucano para se acomodar no PSD, presidido no Estado pelo seu filho, deputado federal Expedito Netto.
Mariana se filiou ao Republicanos e tem pretensões de concorrer ao Senado. Será que o PSDB, que ela presidia não seria o melhor caminho? Eleições ao Senado, apesar de majoritárias não tem segundo turno e a jovem deputada, com a sua estrutura política e econômica teria enormes chances de se eleger à única das três vagas ao Senado, hoje ocupada por Acir Gurgacz (PDT), que está inelegível. A proximidade com o grupo do presidente Jair Bolsonaro (PL) com a filiação ao Republicanos é positiva para o futuro político de Mariana?
O coronel Chrisóstomo Moura eleito pelo PSL deixou o partido e se filiou ao PL. É Bolsonaro assumido e a troca de sigla não terá influência na sua busca por mais um mandato. Não é um parlamentar dos mais atuantes, linha de frente, mas dá conta do recado e ocupa bem o espaço que conquistou.
A troca do PDT pelo PL foi uma medida acertada de a deputada federal Sílvia Cristina, que tem um ótimo trabalho voltado para a área social em Rondônia. Devido à falta de mais nomes em condições de somar votos à Câmara Federal, no PDT, a mudança de partido de Sílvia foi favorável. Segundo os técnicos em pesquisas eleitorais serão necessários entre 80 mil a 100 mil votos para eleger um deputado federal, além do quociente eleitoral e da cláusula de barreira. Não temos mais coligações e sim federações, que agrega, mas não soma votos. A missão não é fácil.
Não se sabe, até que ponto a mudança de partido, ao trocar o PDT, que apoia a pré-candidatura do ex-presidente Lula, para o PL, do presidente Bolsonaro, pré-candidato à reeleição irá influenciar na campanha de Sílvia Cristina, que tem domicílio eleitoral em Ji-Paraná. Como Sílvia é uma parlamentar que sempre teve atuação sem paixão por sigla partidária ou liderança política nacional, a mudança de sigla não deverá influenciar no seu projeto de pré-candidata à reeleição.
Cinco dos oitos deputados permaneceram nas suas siglas eleitorais. Alguns estão em busca da reeleição e outros a um passo maior, a vaga ao Senado.
Mauro Nazif, preside o PSB e há possibilidade de uma parceria com o Solidariedade, presidido no Estado pelo ex-governador Daniel Pereira, que pretende retornar ao Palácio Madeira-Mamoré. Nazif já foi prefeito de Porto Velho, deputado estadual e vereador na capital. É político muito bem identificado com ao eleitorado da área federal.
Apesar de nome forte para a reeleição, tem se comentado nas últimas semanas, que Nazif estaria formatando uma pré-candidatura ao Senado, caso seja consolidada a parceria com o Solidariedade, de Pereira, que não decidiu pela pré-candidatura, ao governo ou Senado. Até as convenções partidárias de 20 de julho a 5 de agosto, que definirão os candidatos à presidência da República, governador, Senado e deputados federais e estaduais PSB e Solidariedade decidirão se caminhão juntos.
A preocupação do presidente do diretório regional do PSD em Rondônia, deputado federal Expedito Netto é saber o caminho que o seu pai, Expedito Júnior seguirá. Caso opte por uma pré-candidatura ao Senado poderá prejudicar uma parceria com o PL, de Marcos Rogério, partido do presidente Bolsonaro, porque o empresário de Vilhena, Jaime Bagattoli, bolsonaristas doentio, é pré-candidato ao mesmo cargo. Se Júnior abrir mão de uma candidatura a senador os bolsonaristas ficarão “fechados em copas” no Estado e bem fortalecidos.
A presidente do PP em Rondônia, deputada federal Jaqueline Cassol, está trabalhando uma pré-candidatura ao Senado. Não teria muitas dificuldades de reeleição, mas a meta é ocupar a vaga, que já foi do irmão, o ex-governador, ex-senador, ex-prefeito de Rolim de Moura, Ivo Cassol, que está inelegível a fora das eleições deste ano. As chances de reeleição a Jaqueline são muitas, já para o Senado as dificuldades são maiores.
O deputado federal e presidente do Podemos no Estado, Léo Moraes tem projeto maior para as eleições de outubro próximo. Trabalha junto às suas bases e busca parceria na sua pretensão de concorre à sucessão estadual e formata parceria para viabilizar uma pré-candidatura a governador. Uma candidatura à reeleição não seria difícil, já ao governo a tarefa é bem mais complicada.
Quem está formatando projeto de reeleição é o presidente regional do MDB, deputado federal Lúcio Mosquini, partido que está se reorganizando no Estado, após as convenções de 2018, quando Valdir Raupp, na época senador e líder maior do partido teve divergências com o hoje senador, Confúcio Moura. Houve quebra-quebra, tapa na cara, agressões verbais e físicas na mais que tumultuada convenção, que teve até a intervenção de polícia.
Mosquini tem o MDB estruturado no Estado e como já foi o maior partido do Brasil e fundamental na luta para o fim do governo militar no Brasil, ainda, tem uma legião considerável de filiados, simpáticos ao partido. Não deverá encontrar muitas barreiras para permanecer na Câmara Federal e também, porque é um parlamentar presente.
A realidade é que em Rondônia, Estado com tendência bolsonaristas está em momento político, que não difere do cenário nacional. Como não surgiu uma terceira via para a disputa da presidência da República, que está polarizada entre Bolsonaro e Lula o quadro é semelhante ao da maioria dos demais Estados, situação que não é boa inclusive para o País. Estamos bem parecidos com o período de somente dois partidos, na década de 60 da Arena e do MDB.
O quadro partidário na Assembleia Legislativa (Ale) também mudou bastante, após a janela de migração. Hoje o União Brasil, presidido pelo governador Marcos Rocha predomina, com cinco, dos vinte e quatro deputados e o Avante, PSD, MDB, Patriota e PSDB contam somente um parlamentar em cada sigla.
A “dança” dos deputados estaduais na troca de partidos é assunto para a próxima OPINIÃO-II. Mas podemos adiantar, que o “troca-troca” estadual terá enorme influência nas eleições deste ano.