Publicada em 25/05/2022 às 15h33
Chegou a hora de Fabricio Werdum mudar de ares. Ex-campeão peso-pesado do UFC, ex-campeão mundial de jiu-jítsu e ex-campeão do ADCC (maior evento de luta agarrada do mundo), o gaúcho voltou as suas baterias para o boxe. Em coletiva de imprensa realizada nesta quarta-feira por videoconferência, o gaúcho de 44 anos de idade aproveitou para dizer que não está se aposentando, apenas migrando para outra área.
- Depois de 24 anos lutando jiu-jítsu, grappling e MMA, é difícil ter a decisão. Não gosto dessa palavra "aposentado" ou de ouvir que eu parei de lutar. Para nós, lutadores, é muito difícil ter essa ideia de fazer o que você mais gosta na vida e parar 100%. Vou mudar o foco completamente. Quando me propus a ser campeão de jiu-jítsu, fui, e do UFC, também fui. Agora, o foco é mudar. Nas artes marciais - eu faço todas - seria o jiu-jítsu em primeiro lugar, o muay thai em segundo, wrestling e boxe em terceiro. Agora, vou inverter essa sequência. Vou colocar o boxe em primeiro lugar. Não tenho esse título do boxe e quero poder me dedicar 100% ao boxe, porque quero esse título inédito. Já fui campeão de tudo, mas de boxe, não. Nunca competi no boxe, e quero colocar mais um cinturão na parede. Não parei de lutar. Só mudei o foco completamente. Não vou mais lutar MMA para poder focar no boxe.
Perguntado sobre onde faria a sua preparação específica de boxe, Werdum disse que, a princípio, está trainando em casa, em Florianópolis, com aulas particulares, e que, se eventualmente precisar ir para os EUA, se preparará na Kings MMA, do mestre e amigo Rafael Cordeiro - que atualmente treina Mike Tyson, entre outros atletas - em Los Angeles.
- Hoje eu tenho a facilidade de trazer o professor para a minha casa. Acabei de treinar boxe aqui na minha garagem, e claro que terei alguns sparrings, já estou fazendo a preparação física e a musculação, mas todo mundo sabe que o meu time é 100% Kings MMA. Eu contratei um amigo meu de 20 anos, o Paboom. Nós treinamos há muito tempo atrás em Porto Alegre com o professor Cafuringa, que foi da seleção olímpica, e ele é um especialista no boxe. Nós treinamos aqui todos os dias, e é bom, porque é aula particular, não tem distração e estou bem concentrado nas instruções. Estamos fazendo todo o básico de novo, e se precisar ir para os EUA, eu vou treinar com o mestre Rafael Cordeiro, que treina só o Mike Tyson.
Werdum também não estipulou um prazo para estrear no boxe. Segundo ele, o plano é treinar muito até ficar confortável para poder lutar, segundo ele, contra qualquer um. Até mesmo Junior Cigano, que o nocauteou quando estreava no UFC, e que mais tarde desenvolveu uma rivalidade com Werdum, por não ter dado ao gaúcho a chance de disputar o cinturão quando era campeão do UFC.
- Essas lutas que estão acontecendo agora com youtuber, boxeador ou alguém do MMA. Não tenho pressa. Tenho um tempinho, estou bem. Ainda não tenho data, mas já se cogitou o Bare Knuckle, porque a bolsa era muito boa. Em Londres, não nos EUA, e não sei se é a mesa organização, mas acredito que sim, mas rolou uma conversa. O Bare Knuckle é bastante agressivo, sem luva, e é complicado, porque não tem proteção e machuca bastante. Pela bolsa, por que não? Se estão querendo pagar milhões, por que não lutar? Mas ainda não tenho uma data definida e essa negociação não evoluiu. O certo é que eu nunca escolhi adversários, e, sim, não haveria problema algum em lutar contra o Cigano. Vi que ele se lesionou na luta no Eagle FC, e torço para uma boa recuperação. Nem considero aquilo uma derrota, porque ele se lesionou. Mas, se acontecer de podermos lutar, por que não?
O gaúcho elegeu Mike Tyson e Anderson Silva como os nomes que mais o inspram hoje. Segundo ele, o americano, aos 54 anos, e o Spider, aos 47 anos, mostraram muita qualidade no boxe, e o fizeram querer apostar na modalidade.
- Imagina, o Mike Tyson, com 54 anos, lutando? Eu vi os treinamentos dele, e mesmo com gente criticando no começo, até alguns brasileiros, e ele se movimentando daquele jeito. Imagina eu treinar com ele, com o mestre, e ele me dar umas dicas! Não tem preço. A referência para mim seria o Tyson, pela amizade que eu tenho com ele, mas não tento imitar o estilo de ninguém, e sim criar o meu. Penso em fazer um boxe egoísta, no qual você dá, mas não recebe. Seria o ideal. Estou vendo também o Anderson Silva, e eu quero dar os parabéns pra ele. Aos 47 anos - eu estou com 44 -, olha como ele se mexe. Com certeza ele é uma inspiração pra mim.