Publicada em 03/05/2022 às 11h15
Porto Velho, RO – Geraldo não pode ser da Rondônia. Porque Rondônia é uma das 27 unidades da federação, e, portanto, está inserida no Estado Democrático de Direito, logo regida por leis e convenções de ordem político-sociais.
Portanto, o empresário José Geraldo Santos Alves Pinheiro, do PSC, um peralta quase sexagenário (tem 55 anos) não deveria carregar em suas credenciais a nomenclatura batizada em homenagem ao marechal extraordinariamente humanista e verdadeiramente patriota: o contundente desbravador denominado Cândido Mariano da Silva Rondon.
Logo, ao incorporá-la em sua identificação de figura pública sacramenta acintosa contradição, aviltando a biografia rondoniense ao mesclá-la com seu perfil desrespeitoso, intransigente, antiético, antidemocrático, corrosivo, destrutivo e inconsequente.
O jornal eletrônico Rondônia Dinâmica já falou sobre o comportamento do membro da Assembleia Legislativa (ALE/RO) em abril do ano passado, traçando a cronologia factual de seus despautérios e apontando também a responsabilidade das instituições, especialmente as de fiscalização e controle.
Geraldo, que, como dito, não pode ser da Rondônia, age como se vivesse num universo paralelo, se porta de maneira escandalosa, por vezes infantil, porém com ar inescrupuloso de maledicência.
Sua sanha é se impor ofensivamente contra o que lhe desagrada, seja física ou verbalmente.
E aí falta uma posição mais enérgica do Ministério Público (MP/RO) no sentido de demonstrar a ele que o Velho Oeste ficou na história e hoje só reside em obras ficção.
Ao ultrapassar todos os limites do aceitável incitando a população a patrocinar atos de terror contra servidores e órgãos de fiscalização do Estado de Rondônia e da República, isto além de se gabar de responder a dezenas de processos, a corda rompeu.
CONFIRA O VÍDEO (VEICULADO POR PAINEL POLÍTICO/YOUTUBE):
“Uma situação, há pouco tempo atrás, veio um tal de Sedam/RO [Secretaria de Estado do Desenvolvimento Ambiental] aqui, teve um tal de Ibama [Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis] aqui, perseguir o trabalhador, querendo agredir o trabalhador, o agricultor, o homem do campo”.
“Vamos combinar uma coisa? Quando vierem, você usa meu nome. Me liga, meu telefone vai ficar com meu filho. Eu vou ajudar vocês a tacar fogo na caminhonete deles”.
“Eles querem colocar fogo no caminhão de vocês, no trator de vocês, na cara de vocês”.
“Eu tenho 50 processos. Um a mais, um a menos, cem, podem abrir quantos processos for possível”.
“Seu presidente, pode me processar. Nós vamos botar fogo nos caminhões deles, nos carros deles”.
O terror e a imposição do medo como medidas políticas, no caso, não moram somente no campo legal, com sua conotação legislativa: é, para todos efeitos, e de acordo com o dicionário Michaelis o “uso sistemático da violência como meio de repreensão”.
Abre-se, no entanto, parenteses para lembrar à sociedade que o Senado Federal ainda poderá debater possíves alterações na Lei Antiterrorismo (Lei 13.260/2016).
Essas eventuais modificações devem tachar como terrorismo os atos de incendiar, depredar, saquear, destruir ou explodir meios de transporte ou qualquer bem público ou privado.
Em suma, hoje se aborda o significado de um vocábulo; amanhã, ou seja, no futuro, a discussão sobre o mesmíssimo tema talvez reverbere na seara do hediondo.
Agora, de fato o uso sistemático da violência como meio de repreensão foi a proposta de Geraldo, que, relembrando, não pode ser da Rondônia, durante audiência pública da ALE/RO em Jacinópolis, distrito de Nova Mamoré.
Seu objetivo foi reunir multidões alimentando sentimentos negativos coletivos para liderar um levante nutrido pelo caos contra os órgãos de fiscalização do Estado e da República, quais sejam: Sedam/RO e Ibama.
Já sobre sua idealização pirotécnica, o presidente da Casa de Leis, Alex Redano, do Republicanos, condenou veementemente a fala do colega, deixando claro:
Seguro da total impunidade, o que falta é uma condenação proporcional à ignorância perpetrada pelo ainda deputado estadual e que o faça enxergar: Rondônia não é extensão de seu quintal, tem regras e consequências para quem vê na violência e na desordem métodos de resolução para tudo. Mas para a condenação ser pedagógica é necessário haver punicação rigorosa e cumprimento de pena. Sem essa tríade não há justiça.
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NOTA OFICIAL DO DEPUTADO GERALDO DA RONDÔNIA SOBRE O EPISÓDIO:
Fonte: Assessoria Parlamentar
“Preciso esclarecer sobre o meu pronunciamento durante a Audiência Pública em Jacinopólis, que tem tomado uma grande proporção na mídia, onde estão usando parte de um discurso somente em forma de me recriminar, e esqueceram, acredito que por interesses obscuros, de adversários, de enfatizar a mensagem que quis levar naquele momento para aquela população.
Ali não estavam invasores de terras, nem bandidos. Estavam trabalhadores, pais de família, que buscam meios de ter a legalização do seu trabalho, do seu canto para produzir, sendo que esses mesmos cidadãos já tiveram casas, equipamentos queimados depredados em fiscalização.
Esse povo só está buscando a regulamentação da área de trabalho. Eu usei a emoção para ter minha voz ecoada sobre o direito de trabalho e de produzir, para que as autoridades olhem de fato para eles e entendem a urgência e a necessidade de regulamentar. Eles não podem ser tratados como bandidos, invasores inconsequentes.
Mas deixo aqui esse questionamento, queimar máquina, caminhão de trabalhador pode? Temos que ficar calados com isso? Jamais ficaria omisso com essa crueldade contra os trabalhadores que buscam somente por seus direitos”.