Publicada em 25/05/2022 às 10h34
Familiares da ex-líder birmanesa Aung San Suu Kyi apresentaram, nesta quarta-feira (25), uma denúncia contra a junta militar a um grupo de trabalho da ONU, alegando um "sequestro judicial" desde o golpe de Estado de fevereiro de 2021.
"Sob a iniciativa do filho e dos familiares de Aung Sang Suu Kyi, os advogados especializados em direitos humanos François Zimeray e Jessica Finelle apresentaram hoje uma declaração contra a junta militar birmanesa ao Grupo de Trabalho sobre a Detenção Arbitrária da ONU", afirmaram em nota.
Os advogados lembram que a ex-líder "foi privada de liberdade de forma contínua e ilegal pela junta militar em um local desconhecido desde 1º de fevereiro de 2021".
Na denúncia, à qual a AFP teve acesso, afirmam que "sua detenção foi ilegal em todos os aspectos, carece de qualquer fundamento legal e os tribunais da junta violam as regras mais fundamentais do direito a um julgamento justo".
Suu Kyi, de 76 anos, foi condenada no final de abril em virtude da lei anticorrupção a outros cinco anos de prisão, durante um processo denunciado como político pela comunidade internacional.
Ele já havia sido condenada a seis anos de prisão por incitação contra os militares, violar as regras contra a covid-19 e contrariar uma lei de telecomunicações.
Suu Kyi, que ganhou o Prêmio Nobel da Paz em 1991, está detida desde o golpe de Estado militar de 1º de fevereiro de 2021, que encerrou uma década de transição democrática em Mianmar.
Ela é acusada de diversas infrações (violação de uma lei sobre os segredos de Estado que data da época colonial, fraude eleitoral, sedição, corrupção e outros) e corre o risco de ser condenada a décadas de prisão.
"Ela é julgada por meio de pretextos muito chocantes e é mantida incomunicável. Estamos à beira de um desaparecimento forçado. Não sabemos onde está. Só reaparece de vez em quando durante os julgamentos. É um sequestro judicial", denunciou o advogado Zimeray.