Publicada em 04/05/2022 às 14h54
O líder da Igreja Ortodoxa russa, o Patriarca Kirill, repreendeu nesta quarta-feira (4) o Papa Francisco por uma fala do pontífice criticando a proximidade de Kirill com o presidente da Rússia, Vladimir Putin.
O Papa disse ao jornal italiano "Corriere Della Sera" na terça-feir (3) que o patriarca Kirill "não pode se tornar o coroinha de Putin". Kirill é um forte aliado do presidente russo e apoia a invasão da Rússia à Ucrânia.
Nesta quarta-feira, o líder ortodoxo declarou, através de um comunicado, que Francisco usou "o tom errado" ao se referir a ele dessa maneira. A Igreja Ortodoxa chamou o episódio de "lamentável".
"O Papa Francisco escolheu um tom incorreto. Essas declarações dificilmente contribuirão para o estabelecimento de um diálogo construtivo entre a Igreja Católica Romana e as Igrejas Ortodoxas Russas", afirmou o Patriarcado de Moscou em um comunicado.
Tensão entre as igrejas
As declarações elevam as tensões entre as duas igrejas, que vinham ensaiando um diálogo. Em 2016, Francisco e Kirill mantiveram um encontro histórico em Cuba. Há um mês e meio, os dois líderes religiosos haviam se falado por telefone.
Ambos tinham um encontro agendado para junho em Israel, mas, na semana passada, o Papa anunciou que decidiu cancelar a reunião após ser aconselhado pelo Vaticano, por conta da postura de Kirill sobre a guerra.
O líder ortodoxo tem defendido as investidas das tropas russas desde o início da invasão de seu país à Ucrânia, o que abriu fendas dentro da própria Igreja Ortodoxa Russa, a maior entre as Igrejas Ortodoxas, que romperam com o cristianismo do Ocidente em 1054.
O Vaticano ainda não se manifestou sobre as declarações do líder da Igreja Ortodoxa russa.