Publicada em 12/05/2022 às 15h36
"Tenho apenas um problema, um objetivo a alcançar: que o neoliberalismo nunca mais governe na Argentina", disse o presidente da Argentina, Alberto Fernández, em entrevista à DW, durante viagem à Alemanha.
O mandatário argentino cumpre nesta semana um giro europeu, que inclui uma escala de dois dias na Alemanha.
Fernández se encontrou com o chanceler federal alemão, Olaf Scholz, em Berlim, na quarta-feira (11/05). Ambos concordaram sobre as consequências negativas da guerra de agressão da Rússia na Ucrânia, mas expressaram opiniões divergentes sobre as sanções impostas pelo Ocidente contra o Kremlin. Em Berlim, Fernández descartou que seu país possa impor barreiras ou punições à Rússia.
Oficialmente, o presidente argentino está na Europa para tentar obter investimentos e fechar acordos na área energética e de produção de alimentos.
Fernández também visitou os estúdios da Deutsche Welle em Berlim, onde concedeu uma entrevista à jornalista Jenny Pérez. Ele falou de seus planos de se candidatar à reeleição, das relações entre Argentina e China e de problemas imediatos em seu país. Confira os principais pontos:
Relações com Europa e China
Questionado diretamente sobre as relações da Argentina com a Europa e a China, Fernández disse: "A China é uma grande potência, mas não tem fortes laços culturais com a América Latina, não tem história com a América Latina".
Em fevereiro, Fernández selou em Pequim o ingresso oficial da Argentina na Nova Rota da Seda, uma iniciativa chinesa para a construção de vastas obras de infraestrutura com o objetivo de interligar o mercado chinês com outras nações e aumentar a influência global chinesa.
Reeleição e críticas a Macri
Alberto Fernández vem sofrendo duras críticas na Argentina por parte de aliados, evidenciando rachaduras em sua coalizão de governo, a Frente de Todos. As relações estão especialmente estremecidas com sua vice, Cristina Kirchner, que defende publicamente uma abordagem deferente da de Fernández para lidar com a inflação galopante no país e os persistentes problemas econômicos da Argentina.
À DW, Fernández minimizou as rachaduras em sua coalizão e disse que seu principal objetivo é impedir uma nova vitória do ex-presidente Mauricio Macri, de perfil liberal. "A verdade é que o meu problema não é a minha reeleição", disse. "Tenho apenas um problema, um objetivo a alcançar: que o neoliberalismo nunca mais governe na Argentina, porque assim foi com Macri. Meu grande adversário, meu grande inimigo é Macri."