Publicada em 24/05/2022 às 09h43
A província de Henan, uma das mais populosas da China, vai impor a seus 99 milhões de habitantes a obrigatoriedade de realizar um teste de Covid a cada 48 horas. A medida será colocada em vigor depois de a região registrar um aumento no número de contágios pelo coronavírus.
Com os testes em larga escala as autoridades locais esperam aprimorar a detecção de casos positivos e poder determinar o mais rapidamente possível o isolamento de quem apresentar uma infecção. A ideia é conseguir evitar o cenário visto em Xangai nas últimas semanas, em que restrições rígidas forçaram a quarentena de milhões de pessoas, levando a perturbações sociais e na economia.
O centro comercial de 25 milhões de habitantes planeja a reabertura total para o próximo dia 1º e nos últimos dias a administração municipal vinha lentamente permitindo que mais pessoas deixassem suas casas -nesta segunda (23), novos testes e restrições pontuais foram implantadas. Enquanto isso, Pequim estendeu a exigência de trabalho remoto para a maioria dos 22 milhões de habitantes.
A China mantém desde o início da pandemia uma estratégia batizada de "Covid zero", de tolerância mínima com focos da doença, que visa a eliminar por completo a disseminação do coronavírus. A tática inclui lockdowns, confinamentos e testes em larga escala, sem a flexibilização de restrições adotada em outros países.
Ainda que tenha mantido os números de mortes e casos relativamente baixos na comparação global, a estratégia é alvo de questionamentos de autoridades mundiais de saúde. Mais recentemente ela foi adaptada para um modelo de lockdown dinâmico, isolando apenas bairros, edifícios ou estabelecimentos com registros de casos.
Em Henan, os moradores que não se submeterem aos testes perderão o passe verde que permite acesso a locais públicos e ao sistema de transportes. A província na região central do país, 400 quilômetros ao sul de Pequim, conseguiu permanecer à margem do último foco de contágios, mas registrou dezenas de novos casos nos últimos dias.
A capital, por sua vez, teve 99 novos casos neste domingo (22), contra 61 nas 24 horas anteriores -a maior contagem diária no surto visto no último mês. As autoridades locais então determinaram a exigência de trabalho remoto em áreas consideradas chave, de forma a reduzir o fluxo de circulação de pessoas e "manter todas as linhas de defesa", nas palavras de um porta-voz.
Seis dos 16 distritos da cidade orientaram a seus moradores que evitem aglomerações e adotem o home office -quem precisar ir ao trabalho deve apresentar um teste PCR negativo realizado nas últimas 48 horas e escritórios não devem exceder 30% da lotação máxima. Outros três bairros incentivaram essas medidas a grupos localizados.
A capital impôs restrições ao transporte público, determinou o fechamento de algumas lojas e shopping centers e bloquearam prédios onde casos de Covid foram registrados.
As autoridades de saúde chinesas afirmam que as infecções têm mostrado uma tendência de declínio constante no surto mais recente. Uma análise na semana passada estimou que menos de 5% das cidades do país estavam relatando contaminações, quando no final de março eram 25%.
Em Xangai, menos de 600 casos foram registrados no domingo, nenhum deles fora das áreas em quarentena. A cidade reabriu mais de 250 rotas de ônibus e uma parte do extenso sistema de metrô, mas muitos distritos e cidades próximas anunciaram mais testes em massa e pediram aos moradores que evitem sair de casa.