Publicada em 23/05/2022 às 11h44
O II Encontro Nacional de Memória do Poder Judiciário (Enam), realizado no dia 13 de maio, em Recife-PE, teve como um dos destaques a pesquisa de Ana Carolina Monteiro Paiva, sobre o trabalho e cotidiano na Estrada de Ferro Madeira-Mamoré. Ela foi premiada na categoria trabalho acadêmico, fruto de pesquisa realizada no Centro Cultural e de Documentação Histórica do Tribunal de Justiça de Rondônia-CCDH-TJRO.
Com o tema História, Memória e Patrimônio, o Encontro destacou ações inovadoras relacionadas ao tema da preservação da história judiciária. Dentre as categorias de premiações estava a categoria III da premiação do CNJ, que contemplou trabalhos acadêmicos e científicos.
Nascida em Porto Velho, Ana Carolina foi morar na Paraíba aos 14 anos. Filha de professora de português, concluiu mestrado em História pela Universidade Federal da Paraíba. Segundo ela, a ideia surgiu quando ainda escrevia o trabalho de conclusão de curso chamado “Os imersos na penumbra da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré”.
A pesquisadora estudou alguns aspectos do cotidiano dos trabalhadores da companhia da Madeira-Mamoré, a partir da estruturação de um sistema de controle e manutenção da força de trabalho, durante o período de construção e primeiros anos de funcionamento da ferrovia, de 1907 até 1919.
A pesquisa investigou os espaços de trabalho e moradia; atividades sociais como festas, desfiles e datas comemorativas; as mobilizações como a primeira greve de Porto Velho; conflitos; resistências à norma de comportamentos sociais; condutas desviantes; condições sanitárias e doenças, além da saúde física e mental dos trabalhadores.
Foram utilizadas diversas fontes históricas como literaturas de viagens, poemas escritos pelos trabalhadores, documentos oficiais da empresa rodoviária, produções acadêmicas, relatos memorialísticos, jornais, relatórios médicos, mapas, telegramas e documentos judiciais como processos cíveis e criminais.
"Voltei a Porto Velho duas vezes para fazer uma pesquisa presencial com essas fontes, visitei o Museu da Memória rondoniense e o Centro Cultural de Documentação Histórica-CCDH, mas grande parte da pesquisa foi feita digitalmente, à distância”, disse Ana Carolina.
Reforça, também, que no CCDH teve apoio da então coordenadora Nilza Menezes, e da estagiária Pricila de Melo Almeida, segundo ela a equipe foi super responsável pelo suporte, tanto na pesquisa presencial quanto na pesquisa à distância. “Essas ações conferem visibilidade e incentivam para que o pesquisador possa retornar e recomendar o espaço”, reforçou.
Ana Carolina se inscreveu no prêmio graças à indicação de Nilza Menezes, que, na época, era coordenadora do CCDH e viu o potencial da pesquisa como contribuição à memória do Judiciário. “Ela realmente acreditou e confiou em mim. Toda a equipe do CCDH faz parte desse projeto. Para mim, o acervo que consultei em Porto Velho é uma das principais fontes da história do Estado de Rondônia, por isso deveria existir um diálogo maior com as universidades”, opinou.
Para Nilza Menezes, o prêmio que Ana Carolina recebeu demonstra a qualidade da documentação que pertence ao Judiciário, o que proporciona diversas leituras em diferentes focos. “Ela fez uma pesquisa muito linda, apesar da pandemia e de todas as dificuldades. Fiquei muito impressionada com a qualidade do trabalho acadêmico dela, e quando surgiu o concurso eu recomendei para que participasse, pois era um trabalho muito bom e demonstra a riqueza dos documentos do Centro de Cultura e de Documentação Histórica do Judiciário”.
Por ter sido a primeira edição do Prêmio Memória do Judiciário, Ana Carolina o recebeu com muita responsabilidade, pois o reconhecimento que essa premiação proporciona é de extrema importância. “Vejo o prêmio como um incentivo, para que mais pesquisadores visitem e explorem instituições como o Centro de Documentação do TJ, pois há um potencial de histórias a serem escritas, que contribuirão para a história de Rondônia e para a história do Brasil”.