Publicada em 24/05/2022 às 10h06
A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, assumiu que o partido está mantendo conversas sobre a eleição presidencial com o MDB, sigla que compõe a autointitulada “terceira via” e tem a senadora Simone Tebet como pré-candidata. A declaração ocorreu nesta segunda-feira, 23, durante a primeira entrevista coletiva das legendas que apoiam a chapa Lula/Alckmin ao Palácio do Planalto: PT, PSOL, Solidariedade, PCdoB, PSB, Rede Sustentabilidade e PV. A reunião aconteceu no Hotel Intercontinental, em São Paulo. A deputada federal celebrou a união e afirmou que é a primeira eleição em que Lula consegue reunir tantos partidos da esquerda em torno da sua candidatura. “O presidente Lula fez questão de dizer que é a primeira vez que ele senta com o conjunto dos partidos que representam esse campo progressista, democrático da esquerda e centro-esquerda, que em nenhuma outra eleição ele teve esse conjunto de partidos. Ele disse: ‘Só falta o PDF aqui’ para compor esse campo totalmente”, apontou Gleisi.
O PDT, até o momento, tem como pré-candidato o ex-governador do Ceará Ciro Gomes, que vem desferindo fortes ataques ao petista. “A gente tem que ter respeito pela candidatura alheia. Até andaram dizendo que o PT estava pressionando o PDT, não é verdade. […] Obviamente que nós gostaríamos de ter o PDT nesse campo, que sempre teve posições muito parecidas”, respondeu Gleisi ao ser questionada sobre a importância do apoio do PDT para uma vitória em primeiro turno. “Eu não sei qual vai ser, se a candidatura do Ciro vai continuar até o fim ou não. Essa é uma decisão que cabe ao PDT tomar”, acrescentou.
A presidente nacional do Partido dos Trabalhadores também admitiu a possibilidade de dialogar com legendas de centro. “Nós conversamos com o Avante, queremos conversar com o Progressistas e com outros partidos que ainda não tivemos a oportunidade. Vamos fazer um esforço conjunto. Temos conversado muito com o PSD e temos conversado com o MDB”, afirmou. “No PSD, a gente tem conversado com o [Gilberto] Kassab diretamente para fazer as composições nos Estados. Não sei se é possível eles virem no primeiro turno nacionalmente. O Kassab tem dito que tem dificuldade por conta da dinâmica do PSD nos Estados, que têm muitas divergências, mas tem boa relação”, explicou Gleisi, que ainda assumiu ter mantido conversas com o MDB.
“O MDB a gente também tem conversado. Acho que é o mesmo problema. O MDB também é um partido que o movimento que eles fazem é muito por Estado, mas, por exemplo, o MDB do Nordeste tem grande simpatia pela candidatura do presidente Lula, mas eles tem uma candidata que é a Simone Tebet. A gente também respeita, o MDB tem legitimidade. A gente tem conversado, mas com respeito, esperando ver como eles resolvem e encaminham essa questão da candidatura da Simone”, alegou a presidente do PT, que negou que as negociações estejam sendo feitas pelo intermédio do ex-presidente Michel Temer. Segundo ela, os petistas tem se comunicado com as lideranças regionais. Uma conversa direta com Baleia Rossi, presidente do MDB, ainda não aconteceu. Uma aliança com os emedebistas, no entanto, passa pelo acordo da terceira via, que pretende lançar uma postulação única ao Palácio do Planalto. Com a desistência do ex-governador de São Paulo João Doria (PSDB) nesta segunda-feira, Simone Tebet deve ser consagrada como o nome que representará o centro-democrático nas eleições de outubro.