Publicada em 14/06/2022 às 13h48
A pedagoga Alessandra Martins do Carmo é uma jovem recém-graduada pela Universidade Federal de Rondônia (UNIR), para quem a Universidade, muito mais que uma formação profissional, tem no convívio com o mundo acadêmico a oportunidade para novos conhecimentos e formas de encarar a vida. Alessandra é uma pessoa com deficiente visual, e toda sua trajetória na Universidade foi marcada tanto pela superação de barreiras, como por acolhimento e apoio em todos os momentos. “A experiência na Universidade me deu voz porque antes eu sofria discriminação e não sabia lidar com elas. Hoje eu tenho voz, eu sei os meus direitos e não fico mais calada nessas situações”, comemorou depois da sua colação de grau, que aconteceu no último mês de maio.
A presença de uma aluna cega em sala de aula mobilizou professores, servidores e acadêmicos para as necessidades e particularidades das pessoas com deficiências, especialmente os deficientes visuais. E desde que ingressou no curso de Pedagogia do Campus UNIR de Vilhena, em 2016, Alessandra recebeu o suporte necessário para participação nas atividades, por meio do Núcleo de Atendimento Educacional Especial (NAEE), que é coordenado pela professora Fernanda Emanuele Souza de Azevedo.
“Utilizamos tecnologias assistivas como o Dosvox, um programa gratuito que fala com o usuário de forma muito amigável, através de síntese de voz, permitindo que pessoas cegas possam utilizar o computador com independência para escrever, enviar e ler e-mails, ler livros, jogar, realizar cálculos etc. Além disso, os monitores também faziam a audiodescrição das aulas e a leitura de materiais não acessíveis sempre que solicitados”, lembra Fernanda Emanuele.
O diretor do campus, professor Claudemir da Silva, salienta que UNIR mobilizou todos os esforços para ofertar à Alessandra as ferramentas de inclusão e acessibilidade disponíveis na instituição. “Ela contou com o uso de tecnologias assistivas e recursos materiais, como impressora em braile e materiais didático-pedagógicos, além do acompanhamento de monitores especiais tanto em sala de aula quanto nas atividades extraclasse para orientação e esclarecimento de dúvidas. Também realizamos adaptações metodológicas e didáticas, em parceria com os professores do departamento de Educação (Dacie), para que ela pudesse acompanhar os conteúdos ministrados”.
Em sua passagem pela universidade Alessandra conta que aprendeu muito, e que também ensinou bastante a todos que conviveram com ela no ambiente acadêmico. Lembra que compartilhou com a equipe de assistência as necessidades dos deficientes visuais e suas particularidades, ministrou cursos e palestras para professores, servidores e monitores sobre o programa Dosvox e também auxiliou colegas estudantes com deficiente visual, como aconteceu com uma estudante do instituto Federal de Rondônia (Ifro) que foi assistida pela então aluna da UNIR em seu processo de adaptação.
“O ingresso em uma universidade abre muitas portas e também a mente do estudante e da família. Na graduação você passa a conhecer seus direitos e obtém o respeito das pessoas. Hoje eu levo muitas experiências boas desse período, inclusive a minha independência como pessoa com deficiência”, comemora Alessandra.
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