Publicada em 29/06/2022 às 14h32
As polícias Federal e Civil, além do Exército Brasileiro (EB), vão fazer uma reconstituição dos assassinatos do indigenista Bruno Araújo Pereira e do jornalista inglês Dom Phillips, nesta quarta-feira (29), em Atalaia do Norte (distante 1.136 quilômetros de Manaus). Os suspeitos Amarildo da Costa de Oliveira, conhecido como "Pelado", e Jeferson da Silva Lima, o "Pelado da Dinha", foram levados para as áreas do crime, nesta manhã, para participação nesta etapa das investigações.
Esta é a segunda reconstituição do caso. A primeira contou apenas com a participação de Amarildo, que acusou Jeferson de ter atirado nas vítimas. Em depoimento, Jeferson acusou Amarildo de efetuar o primeiro disparo. Na reconstituição desta quarta, as versões devem ser confrontadas.
Agentes da Polícia Federal e Polícia Civil deverão percorrer todos os pontos-chave do caso: as comunidades São Rafael, São Gabriel e Cacheira, além das áreas onde Bruno e Dom foram assassinados e o local onde os corpos foram escondidos.
Desde o início do dia, há movimentação de equipes da PF e PC-AM no porto de Atalaia do Norte. Os policiais também levaram para as áreas da reconstituição sacos pretos, que serão usados para simulação da ocultação dos corpos.
Simulações
Nessa terça-feira, as embarcações utilizadas pelas vítimas e pelo pescador Amarildo, no dia do crime, foram utilizadas em simulações, para verificar se os relatos das testemunhas e dos suspeitos, obtidos no inquérito policial, são condizentes com a realidade.
De acordo com a PF, uma das provas técnicas a ser verificada era a velocidade das embarcações, especialmente no momento em que Amarildo e Jeferson perseguiam Bruno e Dom, entre as comunidades São Gabriel e Cachoeira.
Os resultados das simulações ainda não foram divulgado pelas autoridades.
Os relatos de Amarildo e Jeferson sobre o crime são divergentes, já que ambos se acusam de ter iniciado os tiros que mataram o indigenista e o jornalista, no início de junho.
Em vídeo divulgado pela PF, no dia 21 de junho, Amarildo aparece negando que tenha atirado contra Bruno e Dom. Ele acusa Jeferson da Silva Lima.
Ao ser questionado se viu a hora em que Jeferson atirou, Amarildo confirma com a cabeça e responde: "vi".
De acordo com Amarildo, Bruno teria revidado. O indigenista tinha porte de arma e escolta armada, mas dispensou a segurança no dia do crime, 5 de junho, um domingo.
Ainda na reconstituição, Amarildo afirma que Jeferson atirou na região lombar de Bruno. O suspeito também acusa o "Pelado da Dinha" de atirar contra Dom.
Em reconhecimento da área do crime, Amarildo detalha morte e ocultação dos corpos de Bruno e Dom
Já Jeferson afirmou que, no dia do crime, Amarildo o chamou para perseguir Bruno e Dom quando as vítimas passaram, de lancha, no rio Itacoaí. Segundo o depoimento do suspeito, quando estavam bem próximos, ocorreu o primeiro tiro, que teria sido efetuado por Amarildo, e acertado as costas de Dom.
Na sequência, Jeferson conta que atirou em Bruno. Houve uma sequência de disparos e ele não soube informar quem atingiu Bruno primeiro. Jeferson afirma que acredita ter atirado três vezes, o mesmo número de tiros dados por Amarildo. Bruno também teria atirado para se defender.
Investigações
De acordo com o delegado de Atalaia do Norte, Alex Perez, a polícia já ouviu 20 testemunhas: 17 testemunhas e três, suspeitos.
Na quinta-feira (23), o superintendente da Polícia Federal (PF) no Amazonas, Eduardo Fontes, declarou ao Jornal Nacional que não está descartado um envolvimento de um mandante no crime.
Caso Dom e Bruno: polícia já ouviu 20 pessoas e prevê fazer reconstituição do crime
Em uma nota divulgada pelo comitê de crise, coordenado pela PF, em 17 de junho, o órgão dizia que novas prisões poderiam ocorrer, mas que, naquele momento, as investigações apontavam "que os executores agiram sozinhos".