Publicada em 28/06/2022 às 08h25
Cerca de 10% dos casos de câncer na Europa estão ligados à poluição, em suas diversas formas, e seriam evitáveis na maioria dos casos, informou a Agência Europeia do Ambiente (AEA).
"A exposição à poluição do ar, ao tabagismo passivo, aos raios ultravioletas, ao amianto, a alguns produtos químicos e a outros poluentes está na origem de mais de 10% dos cânceres na região", acrescentou a organização em comunicado.
Para a instituição, o número pode, contudo, diminuir de forma drástica se as políticas existentes forem objeto de atualização rigorosa, especialmente a luta contra a poluição.
"Todos os riscos cancerígenos ambientais e profissionais podem ser reduzidos", afirmou Gerardo Sanchez, um perito da AEA, sobre o documento, o primeiro da agência sobre a relação entre câncer e meio ambiente.
"Os cânceres determinados pelo ambiente e devidos a radiações ou a carcinogéneos químicos podem ser reduzidos a nível quase negligenciável", declarou Sanchez em entrevista coletiva.
Segundo os dados da AEA, a poluição do ar é responsável por 1% dos casos e 2% por cento das mortes, índice que sobe para 9% no caso do câncer de pulmão.
Estudos recentes detectaram também "correlação entre a exposição a longo prazo às partículas, um poluente atmosférico importante, e a leucemia entre adultos e crianças", informou a agência.
O radão - gás radioativo natural suscetível de ser inalado, nomeadamente em habitações pouco arejadas - é considerado responsável por 2% dos casos de câncer no Velho Continente.
Segundo a AEA, os ultravioletas - de origem principalmente solar, mas também artificial - são responsáveis por cerca de 4% de todos os casos da doença, particularmente do melanoma, uma forma grave de câncer de pele que aumentou fortemente na Europa nas últimas décadas.
Algumas substâncias químicas utilizadas nos locais de trabalho e liberadas no ambiente são também cancerígenos.
Chumbo, arsênico, crômio, pesticidas, bisfenol A e as substâncias perfluoroalquílicas (PFAS, na sigla em Inglês), usadas entre outras aplicações na alimentação, estão entre as mais perigosas para a saúde dos europeus, tal como o amianto, proibido na União Europeia (UE), mas ainda presente em diversos edifícios.
Na UE, todos os anos 2,7 milhões de pessoas são diagnosticadas com câncer, das quais 1,3 milhão morrem. A Europa, que representa cerca de 10% da população mundial, tem 23% dos novos casos e 20% das mortes.