Publicada em 10/06/2022 às 16h24
Uma série de quatro palestras contra a violência doméstica foi realizada nas escolas da capital que reúnem cerca de 260 participantes do Curso de Formação Inicial em Microempreendedor Individual (MEI) promovido pelo Campus Porto Velho Calama do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Rondônia (IFRO).
De acordo com a coordenadora do Programa, Leila Cândido dos Reis, o projeto atende aos beneficiários do Auxílio Brasil, além das pessoas que são inscritas no Cadastro Único do Governo Federal na cidade de Porto Velho. Ela informa que as palestras foram ministradas entre o final do mês de maio e início deste mês de junho pela policial militar Sargento Milene Barreto.
Para a coordenadora “é fundamental falar sobre violência doméstica para os alunos do Curso Microempreendedor Individual, uma vez que é composto majoritariamente por mulheres”. Segundo ela, “é sabido que muitas vítimas acabam se mantendo em relacionamentos abusivos justamente pela dependência financeira”.
Desse modo, continuou a coordenadora, “estamos conscientizando nossos alunos para saberem identificar os tipos de violência e onde buscar seus direitos, bem como divulgar sobre as políticas públicas existentes para o público feminino”.
As palestras foram realizadas nas escolas municipais Joaquim Vicente Rondon; Vôo da Juriti; Pé de Murici e Flamboyant, localizadas em quatro regiões da capital e onde ocorrem os cursos MEI.
Durante as palestras, a policial sargento Milene abordou sobre os tipos de violência contra a mulher; as políticas públicas existentes, incluindo o Programa Mulher Protegida; Medidas Protetivas e a Patrulha Maria da Penha existente na capital.
A Sargento Milene Barreto disse que “ao longo de mais de três anos atendendo vítimas de violência doméstica percebo que ainda temos muito caminho pela frente. Durante essa oportunidade de compartilhar conhecimento pude presenciar mulheres que já sofreram algum tipo de abuso compartilharem seus testemunhos durante as palestras sobre os abusos sofridos e não passaram despercebidas as sequelas que a exposição à violência doméstica é capaz de causar. Mulheres com perda parcial da visão, com dores crônicas nas articulações, com depressão, ansiedade, síndrome do pânico e insônia. Sequelas em sua maioria irreversíveis, que irão acompanhar aquela mulher pelo resto da vida e, muitas vezes, até levando ao uso de medicação controlada. Foi impossível não sentir as dores delas, não chorar junto, não acolhê-las ainda que tardiamente após tantos anos de omissão do poder público. Saio deste ciclo de palestras mais forte, mais empática e mais convencida que minha missão aqui realmente é o acolhimento”, relatou, colocando-se à disposição de todas as mulheres que precisarem buscar ajuda, posto que não estarão sozinhas, concluiu.
A patrulha Maria da Penha é uma equipe da Polícia Militar composta por policiais capacitados para o acompanhamento de mulheres vítimas de violência doméstica e familiar que tenham em seu favor Medida Protetiva de Urgência (MPU). De acordo com uma pesquisa realizada pelo Ministério Público de Rondônia (MP-RO), muitas vezes as mulheres deixam de buscar assistência por medo ou vergonha, apesar de ser alto o número de notificações por violência doméstica.
Em Porto Velho, o Centro de Referência Especializado da Assistência Social no Atendimento à Mulher Vítima de Violência Doméstica (CREAS Mulher), da Prefeitura de Porto Velho, atua na reconstrução da cidadania, no resgate da autoestima e na reestruturação física, emocional e social de mulheres vítimas de violência doméstica. Localizado no Bairro Embratel, o CREAS Mulher fica na Rua Antônio Lourenço (antiga Venezuela), nº 2360, ao lado da Maternidade Municipal Mãe Esperança. Telefones: (69) 3901-3640 e 98473-4725, com atendimento de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h.