Publicada em 07/06/2022 às 15h27
Pelo menos 75 pessoas, incluindo cinquenta pessoas em idade escolar, foram intoxicadas devido aos altos níveis de poluição causados pela indústria pesada nas cidades chilenas de Quintero e Puchuncaví, consideradas uma "zona de sacrifício ambiental", informaram as autoridades nesta terça-feira (7).
As duas cidades, também chamadas de "Chernobyl chilena" pela organização ambientalista Greenpeace, abrigam empresas de mineração, petróleo, cimento, gás e produtos químicos.
Na segunda-feira "tivemos um pico de dióxido de enxofre que ultrapassou cinco vezes a norma horária às 02h00 da manhã. Quintero e Puchuncaví são comunas (municípios) que toleram isso há décadas, mas precisa acabar", disse nesta terça-feira Rubén Gutiérrez, prefeito da cidade de Quintero, com mais de 31.000 habitantes, localizada na região de Valparaíso (120 quilômetros a oeste de Santiago).
"Tivemos uma afetação geral das escolas municipais e particulares, onde mais de 50 crianças e mais de 25 profissionais da educação foram afetados pelos efeitos dos gases tóxicos", disse uma nota do município de Quintero.
As autoridades de saúde da região de Valparaíso relataram que todos os casos apresentavam sintomas associados à dor de cabeça, coceira nos olhos e na garganta, além de náuseas. Eles foram mantidos sob observação e depois liberados.
A delegada presidencial em Valparaíso, Sofía González, decretou uma emergência ambiental nessas duas cidades, onde as aulas foram suspensas em escolas públicas e privadas, todas as atividades físicas e fontes de aquecimento foram proibidas, em um momento em que a área central enfrenta um outono com temperaturas muito baixas.
A poluição aumentou na área desde que o governo chileno decidiu, em 1958, relegar a pesca artesanal e a agricultura para transformar o local em um polo industrial que hoje abriga quatro usinas termelétricas a carvão e refinarias de petróleo e cobre.
Os mais de 50.000 habitantes de ambas as cidades respiram diariamente gases que são emitidos por cerca de 15 fontes poluentes.
O governo do presidente Gabriel Boric anunciou uma reunião com as autoridades das cidades afetadas, enquanto o governador de Valparaíso, Rodrigo Mundaca, conhecido ambientalista, defendeu que "as responsabilidades devem ser esclarecidas porque poluir não pode ser gratuito e hipotecar a vida das crianças também não pode ser gratuito".