Publicada em 30/07/2022 às 10h08
Porto Velho, RO – O Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), legenda histórica e de suma importância na redemocratização do Brasil, não é mais o mesmo.
Ponto.
Fato.
A partir daí, é preciso entender como a agremiação começou a se esfacelar de supetão da ponta, nacionalmente falando, às extremidades, ou seja, em cada uma das unidades federativas.
Todos os gatilhos que ensejaram no desmantelo parcial e significativo do tucanato não são palpáveis, porém, em 2016, o ninho já dava claros sinais de desalinhamento com seus princípios democráticos enraizados desde o final dos anos 80.
Quando o então candidato à Presidência da República Aécio Neves passou, de maneira reiterada, a colocar em dúvida o processo eleitoral brasileiro, semente da dúvida insana germinada até hoje por outros expoentes do Poder, vide o próprio mandatário do Planalto Jair Bolsonaro, do PL, a sigla apequenou-se, deflagrando o procedimento de autofagia, paulatinamente.
Também de cima, e mais recentemente, Geraldo Alckmin, o principal tucano até então, abandonou o barco e rumou para o PSB a fim de ser vice na chapa com Lula, do PT. Aí ficou tudo no colo de João Doria, que, para todos os efeitos, é um recém-chegado a despeito de suas conquistas pessoais.
E o efeito dominó abalroou as esferas abaixo.
Em Rondônia, a instituição perdeu nomes fortíssimos e saiu do "Olimpo". Um exemplo é a deputada federal Mariana Carvalho, que acabou nas hostes do Republicanos de Alex Redano abraçando de vez o bolsonarismo como bandeira política. Ele quer a vaga que será aberta por Acir Gurgacz, do PDT, no Senado Federal.
Há outros: seu irmão, Maurício Carvalho, ex-presidente da Câmara e vice-prefeito de Porto Velho, rumou para o União Brasil (UB), com a intenção de atuar ao lado do atual governador Coronel Marcos Rocha. Seu desejo é estar onde a irmã está, na Câmara dos Deputados.
E ainda há Laerte Gomes, ex-presidente da Assembleia Legislativa (ALE/RO), deputado estadual que busca a reeleição. Gomes caiu fora do ninho e se instalou do PSD, comandado, em sua esfera local, pelo deputado federal Expedito Netto.
O pai, Expedito Júnior, outra força eletiva rondoniense, também “meteu o pé” e repousou por lá, onde, em instância superior, manda o ex-prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab.
Com cargo, ficaram no tucanato Hildon Chaves, prefeito de Porto Velho, e o deputado estadual Jhony Paixão.
E há ainda os ex-prefeitos Carlinhos Camurça, José Guedes e Luiz Ferrari, médico de Rolim de Moura. Duas figuras importantes da Capital e uma promessa política, que pode, inclusive, dar dor de cabeça a Paixão em sua caminha pela reeleição.
Apesar de todo o déficit, o PSDB ainda teria “gordura para queimar” caso optasse pela união, convergência, enfim, regressasse ao estado original de suas percepções, como o respeito irrestrito às deliberações coletivas.
Infelizmente, o que se vê hoje é o partido afundado num enredo de novela mexicana barata, onde Guedes, completamente avesso à realidade, quer a legenda para si e sua esposa. E dizendo que a dupla é “suficiente” para a vitória. Insistindo na sanha de bater de frente com colegas para postular o assento-mor do Palácio Rio Madeira.
E esse divórcio entre o seu querer e o mundo fático só traz prejuízos.
Na outra ponta, comissionados a serviço de outros nomes ofendendo, desdenhando e sacaneando aquele que, lá atrás, servia ao município com qualidade, competência.
Logo, são farpas inúteis.
Além disso, também é possível colocar na conta a decisão de última hora do partido em mudar a ata na convenção que formalizaria a federação com o Cidadania local.
Essas pequenices, besteirinhas, que podem até não ser, mas soam como golpezinhos internos e mequetrefes, orquestrados sabe-se lá por quem ou por qual grupo, não servem ao histórico dos tucanos nem representam, sobremaneira, a envergadura dos nomes políticos sob sua sombra. Isto tanto ex-ocupantes de suas suas fileiras quanto os que estão lá até hoje.
Ainda há tempo de ferver a cola, juntar as penas e o bico do chão e os colocar de volta no corpo da ave institucional mais importante do País.