Publicada em 11/07/2022 às 14h27
O presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, afirmou que seu país sairá "da situação complexa" em que se encontra, enquanto as ruas de Havana transpareciam calma nesta segunda-feira (11), um ano depois das manifestações de 11 de julho de 2021.
Os moradores da capital cubana iniciaram a semana com suas atividades cotidianas nas escolas e locais de trabalho, embora dezenas de dissidentes, artistas e jornalistas independentes tenham denunciado que foram alertados pela polícia para não sair de casa. Alguns inclusive tinham patrulhas em frente às suas casas.
Díaz-Canel disse em um tuíte que está convencido de que "também vamos sair desta situação complexa. E vamos sair revolucionando".
"A Revolução sempre está se revolucionando e fez isso em um cenário de constante assédio econômico, político e ideológico", acrescentou.
Nos dias 11 e 12 de julho de 2021, foram registradas as maiores manifestações desde o triunfo da revolução cubana em 1959, quando milhares de pessoas saíram às ruas em quase 50 cidades do país gritando "Liberdade" e "Estamos com fome", quando a crise econômica enfrentada pela ilha se intensificou, a pior em três décadas.
Uma forte presença de agentes de segurança à paisana podia ser observada desde o fim de semana em alguns centros nevrálgicos da cidade.
"Se há algo para comemorar neste 11 de julho, é a vitória do povo cubano, da Revolução Cubana", acrescentou Díaz-Canel.
Na sexta-feira passada ele afirmou, em uma reunião com artistas e intelectuais, que o que Cuba realmente festejaria neste primeiro aniversário é que "o povo cubano e a Revolução cubana desmontaram um golpe de Estado vandalístico".
Nesta segunda-feira, o chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Antony Blinken, afirmou que seu país admira "a determinação" do povo cubano "contra a opressão" e apoia "sua luta".
Em um comunicado, o secretário de Estado afirma que o governo do presidente Joe Biden elogia a "determinação indomável (do povo cubano) contra a opressão".
"Ao povo cubano: os americanos observaram com admiração, em 11 de julho de 2021, como dezenas de milhares de vocês foram às ruas para erguer suas vozes pelos direitos humanos, pelas liberdades fundamentais e por uma vida melhor", acrescenta.
Os protestos de 11 e 12 de julho passado terminaram em um morto, dezenas de feridos e mais de 1.300 detidos, segundo a Cubalex, uma ONG de direitos humanos com sede em Miami.
As autoridades cubanas afirmam que as manifestações foram organizadas pelos Estados Unidos.
Segundo a Procuradoria-Geral da República cubana, 790 prisioneiros foram processados, e 488 receberam sentença definitiva, muitos pelo crime de sedição com penas de até 25 anos de prisão.
Os Estados Unidos consideram "inaceitável" que esses manifestantes permaneçam atrás das grades e afirmam que continuarão "apoiando o povo cubano (...) em sua luta pela democracia".
Segundo Blinken, o objetivo é garantir que as autoridades cubanas sejam responsabilizadas "pelos abusos contra os direitos humanos", condenar "as restrições às liberdades fundamentais e aos direitos trabalhistas", pedir a libertação incondicional de presos políticos e incentivar seus aliados a fazer o mesmo.
Em Havana, o presidente cubano, Miguel Díaz-Canel, disse que, hoje (11), a ilha festejará a derrota de "um golpe de Estado vandalístico".
Quando chegou à Casa Branca, em janeiro de 2021, Biden prometeu rever a política dos Estados Unidos em relação a Cuba. A ilha se encontra desde 1962 sob embargo americano.
Em maio deste ano, ele anunciou que suspenderia algumas das restrições impostas à ilha sob o mandato de seu antecessor Donald Trump, para facilitar os procedimentos de imigração, transferências de dinheiro e voos. A decisão foi bem-recebida por Havana.