Publicada em 29/07/2022 às 08h44
A taxa de desemprego no Brasil recuou para 9,3% no trimestre encerrado em junho – menor patamar para um segundo trimestre desde 2015 (8,4) – segundo dados divulgados nesta sexta-feira (29) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A falta de trabalho, no entanto, ainda atinge 10,1 milhões de pessoas, uma queda de 15,6% (1,9 milhão) em relação aos três meses anteriores.
Os dados fazem parte da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad). No levantamento anterior, referente ao trimestre encerrado em maio, a taxa de desemprego estava em 9,8%, atingindo 10,6 milhões de pessoas. Na mínima da série histórica, registrada em 2014, chegou a 6,5%.
“A retração da taxa de desocupação no segundo trimestre segue movimento já observado em outros anos. Em 2022, contudo, a queda mais acentuada dessa taxa foi provocada pelo avanço significativo da população ocupada em relação ao primeiro trimestre”, destaca em nota coordenadora de Pesquisas por Amostra de Domicílios do IBGE, Adriana Beringuy.
Principais destaques da pesquisa
Desemprego caiu para 9,3%, menor patamar para um 2º trimestre desde 2015
Número de desempregados recuou para 10,1 milhão de pessoas
Contingente de pessoas ocupadas bateu recorde, em 98,3 milhões
População subutilizada caiu para 24,7 milhões de pessoas
Pessoas fora da força de trabalho caíram 1,1%, para 67,7 milhões de pessoas
População desalentada (que desistiu de procurar trabalho) foi estimada em 4,3 milhões
Taxa de informalidade foi de 40% da população ocupada
Número de empregados sem carteira assinada no setor privado foi o maior da série (13 milhões)
Trabalhadores por conta própria atingiram 25,7 milhões
Número de trabalhadores domésticos subiu para 5,9 milhões de pessoas
Empregadores ficaram estáveis em 4,2 milhões
Rendimento real habitual caiu 5,1% no ano
Precariedade do mercado de trabalho
A população ocupada chegou a 98,3 milhões de pessoas, o maior nível da série histórica da pesquisa, em 2012. Os dados do IBGE, no entanto, mostram a fragilidade desse crescimento: o número de trabalhadores informais também foi o maior da série, estimado em 39,3 milhões, 1,1 milhão de pessoas a mais que no trimestre anterior – levando a taxa de informalidade a 40%.
Fazem parte dessa população os trabalhadores sem carteira assinada, empregadores e conta própria sem CNPJ, além de trabalhadores familiares auxiliares.
“Nesse segundo trimestre, houve a retomada do crescimento do número de trabalhadores por conta própria sem CNPJ, que havia caído no primeiro trimestre. Além disso, outras categorias principais da informalidade, que são os empregados sem carteira no setor privado e os trabalhadores domésticos sem carteira, continuaram aumentando”, Adriana Beringuy.
Também atingiram as maiores taxas da série:
os empregados sem carteira assinada no setor privado (13 milhões de pessoas, alta de 6,8%)
o número de trabalhadores por conta própria, somados formais e informais (25,7 milhões, alta de 1,7%
Já o número de trabalhadores domésticos sem carteira cresceu 4,3% no período, o equivalente a 180 mil pessoas. Com a alta, essa categoria passou a ser formada por 4,4 milhões de trabalhadores.
Rendimento
O rendimento médio real habitual (rendimento médio recebido por cada trabalhador) foi estimado em R$ 2.652, estável na comparação com o primeiro trimestre, mas uma queda de 5,1% no ano.
Já a massa de rendimento (total dos rendimentos pagos aos trabalhadores) chegou a R$ 255,7 bilhões, um aumento de 4,4% frente ao trimestre anterior e de 4,8% em relação ao mesmo período do ano passado.
A pesquisadora do IBGE explica que os resultados refletem o aumento da ocupação no trimestre.
“Embora não haja aumento no rendimento médio dos trabalhadores, houve crescimento da massa de rendimento porque o número de pessoas trabalhando é bastante elevado”, ressaltou.
Pnad x Caged
Na quinta-feira, o Ministério do Trabalho informou que o país gerou 277,9 mil empregos com carteira assinada em junho – uma piora em relação a junho do ano passado, quando foram criados 317,8 mil empregos formais.
Os dados, no entanto, não são comparáveis com os números do desemprego divulgados nesta sexta pelo IBGE. Isso porque os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados consideram os trabalhadores com carteira assinada, isto é, não incluem os informais.
Os números do Caged são coletados das empresas e abarcam o setor privado com carteira assinada, enquanto que os dados da Pnad são obtidos por meio de pesquisa domiciliar e abrangem também o setor informal da economia.