Publicada em 19/07/2022 às 14h33
Jornais internacionais repercutiram nesta terça-feira (19) o encontro de Jair Bolsonaro com embaixadores em Brasília na segunda-feira (18), no qual o presidente questionou o sistema eleitoral e repetiu suspeitas já desmentidas por órgãos oficiais sobre as eleições de 2018 e a segurança das urnas eletrônicas.
O jornal norte-americano "The New York Times" comparou o discurso de Bolsonaro no encontro com a estratégia adotada pelo ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump antes das eleições de 2020 do país, que ele perdeu.
"Como Trump, Bolsonaro parecia estar desacreditando a votação antes que ela acontecesse, em um suposto esforço para aumentar a confiabilidade e a transparência", analisou o jornal.
A publicação relatou ainda que os diplomatas ficaram "abalados" com as declarações do presidente brasileiro, "uma possível prévia de sua estratégia para uma eleição que está a 75 dias de distância e que as pesquisas preveem que ele perderá em uma vitória esmagadora".
O britânico "Guardian" destacou que as falas "infundadas" de Bolsonaro sobre a integridade das urnas causaram "ultraje" entre autoridades eleitorais e políticos experientes. O discurso, disse a publicação, aumentou temores de que o "líder populista da extrema direita" desacredite as próximas eleições presidenciais.
O "Guardian" destacou ainda que o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o ministro Edson Fachin, divulgou uma lista com 20 respostas a afirmações errôneas de Bolsonaro, e que Fachin chamou as falas de "negacionismo eleitoral inaceitável".
O "Washington Post" também relatou que Bolsonaro "semeou dúvidas" que autoridades eleitorais já "desmascararam repetidamente" sobre o processo eleitoral brasileiro.
"Mais uma vez, o líder de extrema-direita não apresentou nenhuma evidência de suas alegações, o que gerou críticas de membros da autoridade eleitoral e analistas que temem que ele esteja preparando as bases para rejeitar os resultados das eleições", disse a reportagem publicada no jornal norte-americano.