Publicada em 27/07/2022 às 14h44
O ex-presidente Lula, candidato do PT à Presidência da República disse nesta quarta-feira (27) não acreditar em um possível golpe caso Jair Bolsonaro (PL) perca as eleições.
"Como podemos pensar em golpe? Não acredito que as Forças Armadas aceitem isso, não acredito que a sociedade brasileira permita. Não acredito. Esse cidadão (Bolsonaro), se ele começar a brincar com a democracia, ele vai pagar um preço muito caro", disse Lula, em entrevista ao UOL.
O petista citou o período em que esteve no poder e sua relação com as Forças Armadas. Para ele, as Forças Armadas são "mais responsáveis" em relação a manter democracia no país.
"Eu acho que nós temos que ter em conta que os militares são mais responsáveis do que o Bolsonaro", afirmou.
Durante a entrevista, Lula prometeu mudar a política de reajuste do salário mínimo caso seja eleito em outubro. Hoje, a inflação determina a variação de um ano para o outro, enquanto Lula pretende retomar a variação do PIB (Produto Interno Bruto) como outro fator incidente para aumentar o salário.
Em 2007, o governo do petista criou uma política de valorização do salário mínimo até 2023 - a ser revisada anualmente pela LDO. A regra valeu até 2019, quando o governo de Jair Bolsonaro retirou da LDO o reajuste com base no PIB.
Ele também disse que irá recriar ministérios que foram fechados pelos governos de Michel Temer (MDB) e Jair Bolsonaro (PL) - os dois pós-PT. Lula citou como exemplos os ministérios da Cultura e da Pesca. "Nós vamos criar aqueles ministérios que forem necessários", disse.
Promessa de não tentar a reeleição
Lula disse na entrevista que não pretende concorrer à reeleição caso seja eleito em outubro deste ano, fato tentado por todos os presidentes eleitos depois da redemocratização (Collor renunciou durante o processo de impeachment e não concorreu em 1994).
"É uma decisão minha, eu estou dizendo isso agora, da minha livre e espontânea vontade: eu quero cumprir o melhor mandato que eu já fiz na vida. E quero trabalhar em 4 anos por 40", disse, ao mencionar os 81 anos que terá em 2026 como um dos fatores. "Eu sinceramente não penso em reeleição".
Questionado sobre se contaria com o apoio do ex-presidente Michel Temer, que assumiu o comando do governo com o impeachment de Dilma Rousseff, Lula disse que não. "Eu acho que o Temer não vai votar em nós, mesmo", afirmou e, posteriormente, definiu o emedebista como "um equívoco" ao resumir ex-presidentes do Brasil em poucas palavras.