Publicada em 09/07/2022 às 09h34
Porto Velho, RO – O senador Marcos Rogério se descobriu bolsonarista recentemente, quando, em 2018, resolveu apoiar o atual presidente da República durante sua incursão à Câmara Alta. O ápice do apoio exsurgiu do famigerado gesto “arminha com a mão”.
A partir dali, eviscerou-se nova faceta do político que, pouco antes de servir ao DEM, ou seja, ao Centrão, pertencia aos quadros do PDT, legenda brizolista de centro-esquerda, defensora do trabalhismo, portanto, progressista.
Logo, seu histórico remonta ao raulseixismo anexado à ideia de metamorfose ambulante.
Mudar é do ser humano; transformar-se; promover revolução, evoluir e/ou regredir.
É um processo natural experenciado por qualquer existência racional sobre as planícies terrestres.
Há menos de um mês, Marcos Rogério esteve no encontro do PSD em Cacoal / Reprodução
Agora, transmutações cobram seus preços. Há o bônus de determinados passos; porém, paralelamente, são cobradas as consequências negativas, geralmente com altíssimos juros.
No decorrer da semana, Marcos Rogério resolveu sair do “casulo e virar borboleta”.
E ao “virar borboleta”, também virou a casaca; sacramentou, sem pestanejar, o termo “amigo da onça” ao “apunhalar” o parceiro Expedito Júnior (PSD) pelas costas.
Antes da formalização de potenciais enlaces exclusivamente voltados ao período de eleições, Rogério andava com Expedito a tira colo.
No dia 05 de julho, no entanto, Rogério veiculou oficialmente a informação sobre a pré-candidatura do pecuarista Jaime Bagattoli pelo PL, sacramentando a “rasteira” no amigo.
Cometeu uma gafe à ocasião, inserindo junto o apoio do presidente Jair Bolsonaro a Bagattoli, retirado da veiculação original 15 minutos após sua publicação.
O ato é uma espécie de tudo ou nada, próprio do vele-tudo político.
É uma “cartada” que pode render a Rogério todos os louros imaginados no plajenamento traçado; lado outro, em caso de falhas, pode significar que a faca atravessou as costas de Expedito, sim, chegando atingir o próprio pé.
Sem Júnior e seu grupo, aliança formada por agentes públicos de “grosso calibre”, inclusive com mandatos em vigor, Marcos Rogério vai se afunilando completamente à sombra remanescente do bolsonarismo, cuja força real só será possível aferir no abrir das urnas.
Anúncio da pré-candidatura de Jaime Bagattoli ao Senado Federal / Reprodução
A foto em que anuncia Bagattoli é sintomática neste sentido vez que a maior representação política na imagem em termos históricos é justamente Valdemar Costa Neto, mandatário nacional da agremiação.
Neto foi preso no escândalo do Mensalão e acabou condenado a 7 anos e 10 meses de cadeia por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, mas acabou indultado por Luis Roberto Barroso em 2016.
E é essa a parceria firmada por Rogério que ficou na mesa: uma contradição encarnada, contrariando em carne e osso o discurso anticorrupção entoado pelo membro rondoniense da bancada federal.
Em suma, a traição é um fato muito comum na política. E é, sobretudo, uma decisão de ordem eletiva. O presidente regional no PL não é o primeiro nem será o último a puxar o tapete de um aliado.
Para Rogério, só o futuro dirá se valeu a pena; no caso de Expedito, fica a lição, caso queira aprender.