Publicada em 13/07/2022 às 09h04
O Ministério Público do Peru abriu uma investigação nesta terça-feira (12) sobre o caso de perseguição a sete mulheres que foram acusadas de feitiçaria por membros de uma patrulha camponesa em uma região remota das montanhas dos Andes.
As mulheres foram capturadas, despidas e açoitadas por essa patrulhas camponesa de vigilância.
Essas patrulhas são grupos paramilitares criados há quase 50 anos, originalmente para combater o roubo de gado e, posteriormente, se voltaram contra as incursões da guerrilha maoísta Sendero Luminoso. As ações desses grupos têm amparo em normas constitucionais sobre a justiça comunal desde 1993.
O próprio presidente do país, Pedro Castillo, um professor rural de Cajamarca, foi membro das patrulhas camponesas.
Mulheres penduradas e açoitadas
Um vídeo circulou nas redes sociais mostrando uma mulher pendurada por um dos pés, enquanto era açoitada para que confessasse supostos atos de bruxaria. As autoridades peruanas foram alertadas da situação após a divulgação desse vídeo.
As vítimas foram libertadas nesta terça-feira. segundo o Ministério Público.
As mulheres foram capturadas em 29 de junho pelos patrulheiros", segundo os jornais locais. Elas têm entre 43 e 70 anos de idade. Um homem havia sido capturado junto com as sete mulheres vítimas, mas não há registros de que ele tenha sofrido maus-tratos.
A tortura aconteceu em Chillia, um vilarejo remoto nos Andes, situado cerca de 700 km ao norte de Lima, com 12 mil habitantes.
Mulheres acusadas de praticar feitiçaria
A defensora pública Eliana Revollar afirma que as mulheres foram levadas pelos paramilitares por supostamente praticar feitiçaria. As mulheres "foram acusadas pelo fato de muitas pessoas do vilarejo terem perdido suas capacidades físicas", disse Revollar.
As mulheres foram liberadas pelos patrulheiros camponeses após firmar um documento no qual se comprometiam a não denunciar [os maus-tratos sofridos] e a não realizar feitiçaria", disse Revollar.
A Defensoria se juntou ao Ministério Público para investigar o caso.
Investigação por crime contra a liberdade
O Ministério Público afirmou no Twitter que "sete mulheres e um homem foram libertados após serem detidos pelas patrulhas camponesas do distrito de Chillia" acusados de feitiçaria.
O órgão judicial abriu uma "investigação de ofício pelo suposto crime contra a liberdade, com agravante, dessas pessoas".
Na semana passada, o Ministério Público abriu outra investigação após a denúncia de que uma equipe de reportagem de uma emissora de televisão foi retida e ameaçada por membros de patrulhas camponesas em Cajamarca, enquanto faziam indagações sobre a família de Castillo.