Publicada em 12/07/2022 às 14h43
As autoridades de Teerã lançaram uma nova campanha, nas últimas semanas, para impor o véu islâmico em áreas externas, mas também em bancos e administrações públicas. Diante desse aperto na lei, as mulheres convocaram uma manifestação sem véus na rua, nesta terça-feira (12).
Siavosh Ghazi, correspondente da RFI em Teerã.
Vídeos postados nas redes sociais mostram mulheres andando nas ruas ou indo a lojas sem o véu islâmico. Algumas são filmadas de costas ou com uma máscara na boca para não serem reconhecidas. Em outros registros, é possível ver seus rostos e elas afirmam, diante das câmeras, sua hostilidade em relação à obrigatoriedade de usar o véu islâmico. Contudo, os protestos representam ações individuais de feministas militantes ou mulheres iranianas que se recusam a cumprir essa determinação.
Nesta terça-feira, cerca de 10.000 mulheres se reuniram em um estádio, no centro de Teerã, para apoiar o uso obrigatório do véu. Outras manifestações pró-hijab (nome do adereço), foram organizadas pelo governo e estão previstas para acontecer nos próximos dias em várias cidades do país.
Há um mês, o governo do Irã decidiu implementar uma nova lei do véu, impondo novas restrições de vestuário às mulheres do país. Nas cidades religiosas de Mashhad e Qom, foram emitidas diretrizes para proibir a prestação de serviços a mulheres que não portarem o véu em escritórios do governo e em bancos. Elas foram, inclusive, proibidas de entrar no metrô de Mashhad.
O uso do véu é cada vez menos respeitado no Irã. Nas grandes cidades, não é difícil ver meninas ou mulheres com um lenço caindo sobre os ombro e deixando, às vezes, os cabelos à mostra. Algumas motoristas iranianas receberam inclusive avisos de SMS, pelo celular, enviados pela polícia, por não respeitarem o uso do véu enquanto dirigem.