Publicada em 23/07/2022 às 09h32
Porto Velho, RO – Daniel Pereira, do Solidariedade, é inegavelmente uma das grandes expressões políticas de Rondônia.
Entretanto, seu histórico de votação para assumir diretamente cargos eletivos remete a um período encerrado há mais de duas décadas com mandatos consecutivos na Assembleia (ALE/RO), portanto, de 1995 a 2002.
Reitere-se: diretamente.
Quem conta é o seu próprio perfil no site da agremiação à qual pertence.
Isto, na condição de deputado estadual eleito pelo PT.
Antes disso, em 87, chegou a ser vereador; depois, primeiro suplente de deputado federal (2003/06).
Em 2003, já no PSB, foi eleito suplente de deputado estadual (2007/11) e assumiu o mandato no fim da legislatura.
Em 2014, tornou-se vice governador ao lado de Confúcio Moura, do MDB, assumindo a cadeira-mor em abril de 2018.
Logo, a despeito do trânsito facilitado em todas as hostes institucionais, o trato fidalgo e sua vasta experiênca com relações político-sociais, Pereira, sem termômetro, é um risco postulatório justamente pela ausência recente de ressonância popular em testes feitos nas urnas.
Um risco assumido pela legenda de Mauro Nazif, que, nacionalmente, deliberou pelo apoio ao ex-governador, lançando Vinícius Miguel, até então pré-candidato ao Governo de Rondônia pela legenda, para ombrear com o médico, atual congressista, por um cargo na Câmara Federal.
E se Nazif tem visto o histórico de derrocadas de políticos “raposões” como Marinha Raupp e Lindomar Garçon, por exemplo, que já foram considerados campeões de votos num passado recente, provavelvemente está suando frio.
Se não viu, é bom verificar. Porque na política o clima de “já ganhou” deixou de existir com o comportamento cada vez mais volátil apresentado pelo eleitorado de modo geral.
Logo, merece parenteses especiais quando o assunto é concorrer à Câmara Federal. O político jamais perdeu uma eleição nas disputas pelo cargo. Agora, há oscilações importantes de votos.
Em 2006, eleito pela primeira vez ao ofício, alcançou 43.623, um total de 5,99%; reelegeu-se em 2010 com 64.792, aumentando a porcentagem para 9,17%.
Aí houve um hiato.
Nazif disputou eleições para prefeito da Capital, venceu em 2012, mas, em 2016, perdeu no primeiro turno, e ficou dois anos fora da política. Quando concorreu em 2018, mais uma vez ao Congresso Nacional, levou, mas levou por pouco. Fez 30.399 votos, 3,88% do total válido, ficando à frente apenas de Coronel Chrisóstomo, à época do PSL.
Então Miguel, que, teoricamente, se “sacrificou” pela unidade, e é provável que sim, o grupo tenha ficado mais forte para as disputas legislativas, traz consigo seu retrospecto de mais de 110 mil votos em 2018 concorrendo a governador de Rondônia e outros 29,3 mil na corrida pela Prefeitura de Porto Velho dois anos depois da primeira tentativa.
Pelo bem ou pelo mal, é um parâmetro palpável, contemporâneo. E que poderia servir para assustar adversários na corrida pelo Palácio Rio Madeira em vez de ser colocado à mesa para o vislumbre do próprio correligionário.
No fim, a deliberação abriu-alas, na prática, aos concorrentes da direita: Marcos Rocha, do União Brasil; Marcos Rogério, do PL; e Léo Moraes, do Podemos, que, de acordo com informações dos bastidores, acharam ótimas as transformações de panorama a toque de caixa, de supetação.
Agora estão cada vez mais confiantes porquanto a temida Frente Democrática restou minguada no flanco específico.
Se a ideia é focar em bancadas, ótimo. Ponto positivo; agora, se intenção era, além de eleger deputados e um senador aliado também imaginar a condução do próximo governador, aí, como diria o Porta dos Fundos, “errou feio, errou rude”.