Publicada em 19/07/2022 às 15h06
O Parlamento da Ucrânia apoiou, nesta terça-feira (19), o pedido do presidente Volodymyr Zelensky de demitir a procuradora-geral, Iryna Venediktova, e o chefe da agência de Segurança Nacional, Ivan Bakanov, no maior abalo político do país desde a invasão russa em fevereiro.
Enquanto isso, o presidente russo, Vladimir Putin, está no Irã, onde planeja discutir com seu homólogo turco, Recep Tayyip Erdogan, a exportação de grãos ucranianos. Ela está bloqueada, devido à campanha militar russa na Ucrânia.
Reunidos em uma sessão em Kiev, os deputados ucranianos apoiaram esmagadoramente a decisão de Zelensky de demitir a procuradora-geral e o chefe da agência de segurança nacional, disseram vários dos parlamentares presentes, em comentários publicados nas redes sociais.
"O Parlamento votou pela demissão de Iryna Venediktova como procuradora-geral", afirmou o deputado David Arakhamia.
Outros parlamentares indicaram que o pedido de destituição de Ivan Bakanov recebeu os 226 votos necessários.
Zelensky anunciou, inesperadamente no domingo, a demissão dos dois funcionários, acrescentando que cerca de 650 casos de suposta traição, ajuda e cumplicidade com a Rússia estão sendo investigados.
Substituiu Bakanov na segunda-feira (18) e, em um comunicado divulgado à noite, descreveu a reorganização dos serviços de segurança como uma "auditoria". Ainda conforme o presidente, 28 funcionários podem ser demitidos.
"Diferentes níveis, diferentes direções. Mas as razões são parecidas: baixo desempenho no trabalho", alegou Zelensky.
Venediktova, que se reunia regularmente com seus homólogos europeus e americano, defendeu seu trabalho nas redes sociais, dizendo que tem "coisas das quais se orgulhar".
- Reunião no Irã -
Putin e Erdogan se reúnem hoje no Irã para discutir mecanismos para desbloquear as exportações de grãos ucranianos.
Esta será a primeira vez que Erdogan se encontrará com Putin desde o início da invasão da Ucrânia. País-membro da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), a Turquia tentou manter contato com os dois países e se ofereceu, em várias ocasiões, para mediar o conflito.
Delegações da Rússia e da Ucrânia devem se reunir em Istambul na quarta-feira ao lado de representantes da Turquia e da ONU, com a esperança de que um acordo seja anunciado.
O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, alertou esta semana que a retomada das exportações de grãos da Ucrânia é "uma questão de vida, ou morte".
"A vida de (...) dezenas de milhares de pessoas depende desse acordo", disse.
As negociações buscam estabelecer a saída pelo Mar Negro de cerca de 20 milhões de toneladas de grãos armazenados em silos ucranianos, principalmente em Odessa (sul), e facilitar a exportação russa de grãos e fertilizantes.
Sete mísseis de cruzeiro caíram no porto de Odessa (sul) nesta terça-feira, de acordo com Kiev. Pelo menos seis pessoas ficaram feridas, entre elas uma criança.
"Um (dos mísseis) foi abatido pelas defesas aéreas. Seis atingiram um vilarejo. Como resultado, vários prédios residenciais e outras instalações foram destruídos e pegaram fogo", relatou a Presidência ucraniana.
O Ministério russo da Defesa afirmou que os ataques a Odessa destruíram um estoque de armas fornecidas pelo Ocidente.
- Bombardeio em Kramatorsk -
Os combates mais intensos continuam se concentrando na bacia industrial e de mineração do Donbass, no leste da Ucrânia.
Kramatorsk, uma das últimas cidades do Donbass sob controle ucraniano, foi atingida por um míssil nesta terça-feira, segundo jornalistas da AFP.
Igor Ieskov, oficial de comunicações do prefeito, disse que pelo menos uma pessoa morreu. Um membro da cúpula da polícia disse que havia seis feridos.
O míssil caiu no final da manhã em um pequeno jardim cercado por prédios residenciais, no coração da cidade, segundo repórteres da AFP.
Um homem com a cabeça ensanguentada estava caído no chão e depois foi levado pelos serviços de emergência.
"Ele estava passando e foi atingido", afirmou uma mulher, que não quis se identificar, chocada após o atentado.
Seis pessoas foram mortas em um bombardeio na segunda-feira em Toretsk, uma cidade de 30.000 habitantes perto de Kramatorsk.