Publicada em 12/08/2022 às 15h03
O governo do Reino Unido declarou oficialmente nesta sexta-feira (12) estado de seca em várias regiões do sul, centro e leste da Inglaterra, após vários episódios de ondas de calor e regime de chuvas anormal. O país teve o mês de julho mais seco desde 1935, com a precipitação atingindo apenas 35% da média habitual.
Várias partes da Inglaterra e País de Gales foram colocados em alerta vermelho por quatro dias devido ao "calor extremo". O governo incentiva a população e as empresas a usarem a água com moderação. As distribuidoras de água dessas regiões poderão implementar medidas restrições para economizar.
De acordo com o governo do Reino Unido, a mudança para o status de seca foi baseada em fatores como chuvas, fluxos de rios e níveis de águas subterrâneas e reservatórios e seu impacto no abastecimento público de água.
“Pedimos a todos que administrem a quantidade de água que estão usando neste período excepcionalmente seco”, disse Harvey Bradshaw, presidente do National Drought Group, da Agência de Meio Ambiente, em um comunicado.
A Agência do Meio Ambiente e as empresas de fornecimento de água "intensificarão suas ações para gerenciar os impactos" e avançarão com seus planos de seca publicados, incluindo medidas como a proibição do uso de mangueiras. Bradshaw enfatizou, no entanto, que "os suprimentos essenciais de água são seguros".
O ministro dos Recursos Hídricos, Steve Double, disse que o governo "deixou claro" para as empresas que "é seu dever" manter os suprimentos essenciais. “Estamos mais bem preparados do que nunca para os períodos de tempo seco, mas continuaremos monitorando de perto a situação, incluindo os impactos para os agricultores e o meio ambiente”, acrescentou.
Três empresas de abastecimento de água - Welsh Water, Southern Water e South East Water - impuseram proibições do uso de mangueiras, enquanto várias outras devem seguir o mesmo exemplo.
Todos os meses de 2022, exceto fevereiro, foram mais secos do que a média, de acordo com o Met Office. Imagens de satélite de julho divulgadas pela NASA mostraram áreas marrons secas que se estendem pela maior parte do sul da Inglaterra e pela costa nordeste. A nascente do rio Tâmisa secou.
Vazamentos
Os críticos apontaram para os bilhões de litros perdidos diariamente pelas empresas privadas de água, cuja alta administração recebe milhões de libras, anualmente, e que regularmente pagam dividendos aos acionistas. "Eles deveriam realmente se colocar em ação", disse Claire Connarty, 61, enquanto visitava um viveiro de plantas em Kent, sudeste de Londres, onde uma proibição para regar os jardins entrou em vigor nesta sexta-feira. "Eles têm vazamentos em todo o lugar, mas depois nos dizem para limitar nossa água (uso)".
O colega de compra foi mais compreensivo, observando que os vazamentos eram inevitáveis e que ele estava tentando limitar seu próprio desperdício – inclusive colocando baldes em seu chuveiro para pegar o excesso de água.
"Tento não desperdiçar", disse, por sua vez, Barry Martin, 62, acrescentando que procura manter suas contas baixas e preservar esse recurso cada vez mais precioso.
As temperaturas na Inglaterra devem atingir 30 graus Celsius neste fim de semana. A última seca no país aconteceu em 2018.
O clima excepcional deste ano ocorre quando a França também está passando por uma seca recorde e lutando contra grandes incêndios florestais.