Publicada em 27/08/2022 às 08h53
Porto Velho, RO – Indiretamente o presidente da República Jair Bolsonaro, do PL, já havia censurado o correligionário Marcos Rogério, senador e candidato ao Governo de Rondônia, por manobrar na Justiça a fim de evitar o uso da imagem do mandatário da República em outras candidaturas que não a dele.
O atual regente do Palácio Rio Madeira, que é amigo do morador do Alvorada, relatou a situação após o Tribunal Regional Eleitoral (TRE/RO) acolher o pleito de Rogério proibindo-o de vincular sua campanha às credenciais de Messias.
Isto, inclusive sob pena de multa.
Bolsonaro torceu o nariz e espalhou rapidamente pelas redes sociais um vídeo onde ele próprio desautorizava o congressista.
O jornal eletrônico Rondônia Dinâmica abordou a questão em duas reportagens: a primeira, quando o fato se desenlaçou; e a segunda, à ocasião em que o membro da bancada ignorou a mensagem presidencial tentando justificar a investida legal contra a liberdade dos candidatos aliados à figura do chefe da União.
RELEMBRE EM
Presidente da República se opõe ao ativismo judicial de Marcos Rogério e autoriza o uso de sua imagem nas eleições de Rondônia
E AINDA
Marcos Rogério ignora Bolsonaro: presidente autorizou vinculação de sua imagem às campanhas de Rondônia, mas senador quer proibir
No decorrer desta semana, nova desmoralização à qual Rogério terá de lidar, desta feita, nacional.
Em sua participação no Programa Pânico, da Jovem Pan, Jair Bolsonaro reiterou a deliberação reforçando a desautorização lançada na direção de Marcos Rogério, ainda que sem citá-lo.
E voltou também a permitir o uso irrestrito de sua imagem a aliados, independentemente de tratativas oficiais entre legendas.
A fala vai de “1:26:45” a “1:27:20” do vídeo / YouTube-Pânico
“Teve um estado aí que um candidato do nosso partido entrou na Justiça para que outros candidatos, deputado federal, estadual, não pudessem usar no santinho a minha cara ao lado do cara do PTB, do PP, do PR (atual PL). E o cara está vendo o quê? O lado dele apenas”, criticou Bolsonaro.
E acrescentou:
“Fui para cima e autorizamos aí todo mundo que quiser usar meu nome, minha fotografia, até na televisão, para mim é muito bem-vindo. Fico feliz com isso. Que eu preciso, né? Se eu quiser me eleger é 50% mais um”, completou.
O erro do senador rondoniense causou desconforto na turma do Planalto, tanto que o próprio presidente de sentiu incomodado o suficiente para freá-lo, e, mais além, repetir o recado – da última vez ao Brasil inteiro –, deixando claro que não quer intervenções equivocadas neste sentido, especialmente em se tratando de cerceamento de liberdade.
E o alerta não foi tão abstrato assim, fugindo à seara do subjetivo. Igor Gadelha, colunista do jornal “Metropóles”, de Brasília, captou a mensagem no ar e já lançou no site:
“A indireta de Bolsonaro ao senador Marcos Rogério”.
“Interlocutores de Bolsonaro garantem que a reclamação era endereçada a Marcos Rogério, que é vice-líder do governo e candidato a governador de Rondônia nas eleições deste ano”, indicou.
E sacramentou:
“O senador entrou na Justiça para tentar impedir o atual governador do estado e candidato à reeleição, Marcos Rocha (União Brasil), de usar a imagem de Bolsonaro no material de campanha”, encerrou Gadelha no texto.
Ao fim, o narcisismo político de Marcos Rogério lhe rendeu dois safanões retóricos – embora indiretos –, ambos patrocinados pelo aliado Jair Bolsonaro. As situações indicam que o senador tem dado passos maiores do que a perna, às vezes agindo como se fosse o próprio presidente da República.
De certa maneira, os avisos públicos servem para colocar o congressista de volta no seu lugar, no prumo, para que “acorde” e comece a pensar mais numa campanha propositiva do que tentando frear os adversários em relação ao presidente, e, por sua vez, contribuindo para dificultar que este chegue ao, como o próprio disse, “50% + 1”.