Publicada em 08/08/2022 às 15h04
Após quase uma semana de silêncio diante das tensões reabertas entre China e Estados Unidos, o presidente norte-americano, Joe Biden, se pronunciou nesta segunda-feira (8) sobre a crise.
Biden se disse "preocupado" com os exercícios militares realizados desde quinta-feira (4) pela China ao redor de Taiwan, como resposta à visita da presidente da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, à ilha na semana passada.
A China reivindica Taiwan como parte de seu território e, por isso, considerou a visita de Pelosi à capital Taipei uma provocação dos Estados Unidos.
"Estou preocupado como o fato de que eles (China) estão se movendo tanto", afirmou o líder norte-americano durante uma viagem ao estado de Delaware. "Mas não acho que eles farão nada mais do que já estão fazendo".
Durante os exercícios militares, os maiores já realizados pela China nos arredores de Taiwan, Pequim usou munição real - algo atípico - e disparou 11 mísseis no mar da ilha, além de invadir dezenas de vezes o espaço aéreo da ilha.
Os testes estavam previstos para acontecer até domingo (7), mas, nesta segunda-feira (8), Pequim anunciou que seguiria os exercícios, sem data prevista para terminar. O prolongamento ignora pedidos de países ocidentais e vizinhos para que os exercícios sejam interrompidos e prolonga uma crise sem precedentes entre Pequim e Washington.
Disputa
A disputa entre China e o governo de Taiwan pela ilha acontece há décadas, desde que a oposição aos comunistas se refugiou lá.
A ilha de Taiwan foi tomada pela China do Japão em 1945, após a Segunda Guerra Mundial. Mas logo depois a China entrou em Guerra Civil, com forças comunistas e nacionalistas se enfrentando. Os comunistas, comandados por Mao Tse-tung, venceram o conflito, e, com isso, os nacionalistas fugiram para Taiwan, tomaram a ilha e declararam ali a República Nacionalista da China. Eles afirmavam ser o legítimo governo da China no exílio.
Já Pequim, comandada desde então pelo Partido Comunista, alega que Taiwan segue sendo parte de seu território e que irá retomá-la, à força se for preciso.
Ao longo das últimas décadas, no entanto, ambas as partes "estacionaram" suas causas: nem Pequim tentou invadir a ilha, nem Taipei seguiu adiante em seus planos de se tornar independente.
Mas essa estratégia mudou nos últimos anos. O atual presidente chinês, Xi Jinping, em busca da reeleição, voltou a endurecer o discurso contra Taiwan e retomou exercícios militares ao redor da ilha no último ano. A postura coincidiu com a chegada ao poder, nos Estados Unidos, do democrata Joe Biden, que constantemente se manifesta a favor da independência de Taiwan, um assunto que seu antecessor, Donald Trump, quase não tocava.