Publicada em 01/08/2022 às 14h42
A humanidade está a "um erro de cálculo da aniquilação nuclear", afirmou nesta segunda-feira (1) António Guterres, o secretário-geral da ONU. Para ele, "desde o auge da Guerra Fria" não havia risco semelhante.
"Tivemos uma sorte extraordinária até agora. Mas a sorte não é estratégia nem escudo para impedir que as tensões geopolíticas degenerem em conflito nuclear", disse Guterres. Ele falou na abertura da conferência dos 191 países signatários do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP).
"Hoje, a humanidade está a um equívoco, a um erro de cálculo da aniquilação nuclear", advertiu, ao pedir ao mundo para "se desfazer de suas armas nucleares".
Reunião pede redução de arsenal nuclear
Após ter sido adiada várias vezes desde 2020 devido à pandemia de Covid-19, a 10ª conferência de análise do TNP, tratado internacional que entrou em vigor em 1970 para impedir a propagação das armas nucleares, será realiza até 26 de agosto na sede das Nações Unidas em Nova York.
Esta reunião é uma "oportunidade para reforçar este tratado e adequá-lo ao mundo de hoje", declarou Guterres, que espera reiterar que não se recorra ao uso da arma nuclear e que também sejam adotados "novos compromissos" para reduzir o arsenal.
"Eliminar as armas nucleares é a única garantia de que nunca serão utilizadas", disse ele.
Guterres disse que em alguns dias visitará Hiroshima, no aniversário do bombardeio nuclear.
"Cerca de 13 mil armas nucleares estão nos arsenais do mundo em um momento em que os riscos de proliferação aumentam e as salvaguardas para prevenir esta escalada se enfraquecem", afirmou. Ele então mencionou as crises no Oriente Médio e na península da Coreia, além da invasão russa da Ucrânia.
Em janeiro, os cinco membros do Conselho de Segurança --Estados Unidos, China, Rússia, França e Reino Unido, que são também potências nucleares--, se comprometeram a "prevenir o acesso e a disseminação" nuclear, antes da divulgação de um novo relatório da conferência, que está sob análise.
Durante a última conferência de análise de 2015, as partes não alcançaram um acordo sobre as questões de fundo.