Publicada em 02/08/2022 às 15h02
Apoiador de Trump, integrante de milícia de extrema direita do Texas portava uma arma e ameaçou a presidente da Câmara. Essa foi a maior pena imposta até agora entre os acusados de invadir sede do Congresso dos EUA.
Um membro de uma milícia de extrema direita nos Estados Unidos que participou da invasão do Capitólio em janeiro de 2021 – quando uma turba de apoiadores do ex-presidente Donald Trump tentou interromper a confirmação da vitória de Joe Biden nas eleições presidenciais – foi condenado nesta segunda-feira (02/08) a sete anos e três meses de prisão.
Guy Reffitt, da cidade de Wylie, no Texas, tomou parte na invasão na sede do Congresso americano usando capacete, colete à prova de balas e portando uma pistola e algemas de plástico. Em março, ele fora condenado por um júri em cinco acusações, entre estas, porte não autorizado de armas no Capitólio e obstrução de procedimento oficial.
A sentença de Reffitt, que tinha 49 anos quando foi condenado em março, foi a mais longa imposta até o momento para acusados de envolvimento na invasão do Congresso, mas foi menos da metade dos 15 anos de prisão pedidos por um dos promotores que qualificou o extremista de direita como um terrorista doméstico.
Reffitt não chegou a entrar no Capitólio, mas imagens de vídeo o mostraram em meio à multidão e conduzindo outros extremistas por uma escadaria na parte lateral do edifício. Antes de se dirigir ao Capitólio, ele esteve no comício realizado por Trump, no qual o ex-presidente insuflou seus apoiadores a se deslocarem até a sede do Congresso.
Até agora, as punições mais pesadas associadas à invasão tinham sido de 5 anos e 3 meses, mas os dois réus que receberam essas penas aceitaram fazer acordos com a Justiça. Dos 13 julgamentos que já ocorreram de casos associados ao dia 6 de janeiro de 2021, os promotores federais somente tiveram negada uma das condenações.
"Caótico e confuso"
Segundo os promotores Reffitt, que integrava a milícia Texas Three Percenters ("Os três por cento do Texas"), disse a seus companheiros que planejava arrastar pelos tornozelos a presidente da Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, para fora do Capitólio "com sua cabeça batendo em cada degrau" das escadarias.
Ele foi o primeiro a ser levado a julgamento por crimes cometidos naquele 6 de janeiro, quando os apoiadores de Trump conseguiram interromper a certificação da vitória democrata nas eleições. O juiz do caso ainda o condenou a três anos de liberdade vigiada após a prisão e impôs uma multa de dois mil dólares em restituições.
Reffitt, que já cumpriu 19 meses de prisão, recusou-se inicialmente a testemunhar perante o juiz, mas acabou mudando de ideia. Ele pediu desculpas aos policiais, mas não soube explicar o motivo pelo qual tomou parte nos eventos, dizendo que tudo estava "caótico e confuso".
Ameaças ao próprio filho
A juíza do caso, no entanto, questionou a sinceridade Reffitt e lembrou que ele publicou declarações depois de preso onde se pintou, juntamente com outros detidos, como um patriota que se rebelou contra a "tirania" do governo americano. Ele disse que fez essas declarações para conseguir angariar dinheiro para sua família.
"A relutância do senhor Reffitt em admitir mais cedo que seu comportamento é ilegal é preocupante. E quero ser muito clara: não há qualquer definição legítima do termo 'patriota' que englobe o comportamento do senhor Refitt no dia 6 de janeiro ou nos seus arredores. É a antítese desta palavra", disse a magistrada Dabney Friedrich.
Reffitt vivia com sua esposa e filhos, um dos quais relatou durante o julgamento que foi ameaçado pelo pai caso o delatasse. "Ele me disse: 'se você me entregar, você é um traidor, e traidores são baleados'."