Publicada em 29/08/2022 às 14h45
Paleontólogos portugueses e espanhóis desenterraram no início de agosto, no jardim de uma casa no centro de Portugal, o esqueleto fossilizado de um dinossauro que pode ser o maior saurópode descoberto na Europa. Já no sul da França, em Saint-Etienne-de-Tinée, nos Alpes Marítimos, um morador fez uma descoberta original: pegadas de répteis que datam de 242 milhões de anos.
"É um dos maiores espécimes conhecidos em nível europeu, talvez mundial", informou a paleontóloga do Instituto Dom Luiz da Universidade de Lisboa, Elisabete Malafaia, nesta segunda-feira (29).
Os saurópodes eram dinossauros quadrúpedes e herbívoros, reconhecíveis pelos seus longos pescoços. Eles podiam chegar a 12 metros de altura e 25 metros de comprimento.
Entre o conjunto de vértebras e costelas encontradas, datado do período Jurássico há cerca de 150 milhões de anos, os investigadores encontraram vestígios de uma costela de três metros de comprimento, especificou a paleontóloga.
A primeira descoberta de fósseis nessa região foi em 2017, quando um morador de Pombal perfurou seu terreno para construir um anexo em sua propriedade.
Uma equipe de pesquisadores desenterrou no começo de agosto os restos do dinossauro para dar início a estudos aprofundados sobre os fósseis.
Nos próximos meses, novas escavações poderão ser realizadas no local e na região. Os fósseis descobertos em Pombal pertenceriam a um animal da família dos braquiossaurídeos, que viveram durante o período Jurássico Superior.
O fato desses restos do esqueleto terem sido encontrados juntos e na posição "original" de quando estavam vivos, segundo Malafaia, é "relativamente raro".
Pegadas de répteis pré-históricos
Se a descoberta portuguesa chamou a atenção, cientistas na França acabam de confirmar que encontraram vestígios pré-históricos ainda mais antigos.
Tudo começou em setembro de 2020, quando um andarilho descobriu algumas pegadas surpreendentes na beira da estrada. Elas estavam como que embutidas na rocha, na periferia de Saint-Etienne-de-Tinée, reporta o site do canal France 3.
Os cientistas foram chamados para analisar as pegadas e determinar sua origem. Após longas análises, os paleontólogos do laboratório Lazaret as atribuíram a um "Chirotherium barthii", um réptil de 3 a 4 metros de comprimento, que habitava as terras áridas e hostis dos Alpes Marítimos franceses, há cerca de 242 milhões de anos.
"Pudemos ver que [o animal] estava quase se tornando bípede, porque as pegadas das patas estão mais profundas atrás", disse Emmanuel Desclaux, arqueólogo do laboratório departamental do Lazaret.
Essas descobertas só puderam ser esclarecidas através do uso de novas tecnologias. As pegadas dos répteis foram digitalizadas em 3D. Para especificar o período, também foi realizado um estudo do terreno.
Pegadas que datam deste período foram observadas apenas algumas dezenas de vezes no mundo. Na época, essa região francesa era uma área muito árida. Os animais ficavam localizados no sul de um único continente, na fronteira com o mar, chamado Pangea. As temperaturas subiam a 35°C, e as chuvas eram raras.
Mas esta não é a primeira vez que vestígios pré-históricos foram descobertos neste vale: restos de répteis menores foram observados nos anos 2000. Eles pertenciam ao "Varanopus", uma espécie que viveu entre 299 e 252 milhões de anos atrás. São os mais antigos vestígios conhecidos de vida animal no departamento.