Publicada em 26/08/2022 às 15h45
O Paquistão declarou estado de emergência nesta sexta-feira (26) devido às chuvas de monção extremamente intensas que causaram 900 mortes desde junho e afetaram mais de 30 milhões de pessoas.
Das 900 mortes, 34 foram registradas nas últimas 24 horas. As chuvas de monção começaram em junho, de acordo com a Agência Nacional de Gestão de Desastres (NDMA). Mais de 33 milhões de pessoas foram afetadas, informa o gabinete do primeiro-ministro paquistanês. Cerca de 220 mil casas foram totalmente destruídas e 500 mil severamente danificadas, afirma a NDMA.
A monção, que geralmente dura de junho a setembro, é essencial para irrigar as plantações e reabastecer os recursos hídricos do subcontinente indiano, mas também traz destruição.
Em Sukkur, na província mais afetada de Sindh (sul), os habitantes tentam abrir caminho pelas ruas lamacentas, cheias de detritos arrastados pela chuva. "Nunca na minha vida vi tanta inundação", declarou o agricultor Rahim Bakhsh Brohi.
Segundo as autoridades, estas condições meteorológicas são comparáveis às de 2010, um ano recorde em que cerca de 2 mil pessoas morreram e um quinto do país ficou submerso pelas águas.
O Paquistão é particularmente vulnerável às mudanças climáticas, ocupando o oitavo lugar entre os países mais ameaçados por eventos climáticos extremos, de acordo com um estudo da ONG Germanwatch.
No início do ano, grande parte do país sofreu uma intensa onda de calor, com até 51°C registrados em Jacobabad, na província de Sindh. Agora, a região foi devastada por inundações, que arrastaram casas e danificaram estradas e pontes.
A ministra das Mudanças Climáticas, Sherry Rehman, falou nestaa quarta-feira (24) sobre uma "catástrofe de magnitude sem precedentes". Ela anunciou o estado de emergência nesta sexta-feira e lançou um apelo à ajuda internacional.
Operações de resgate
O primeiro-ministro Shehbaz Sharif cancelou uma viagem ao Reino Unido para supervisionar as operações de resgate, ordenando que o Exército se dedique totalmente aos esforços de socorro.
Oficiais do Exército também terão que destinar um mês de seus salários para ajudar a lidar com as perdas causadas pela catástrofe, e um pedido de doações também foi anunciado.
"Eu sobrevoei a área afetada e não tenho palavras para descrever o que vi", declarou o primeiro-ministro à televisão após uma visita a Sukkur.
As regiões do Baluchistão (oeste) e Sindh (sul) são as mais afetadas, embora as chuvas torrenciais tenham afetado praticamente todo o país.
Vídeos postados nas redes sociais nesta sexta-feira mostram prédios perto de rios cheios, além de pontes destruídas pela água. Em Quetta, capital da província do Baluchistão, as linhas ferroviárias tiveram de ser cortadas devido a danos em uma ponte. A maioria das redes telefônicas e serviços de internet foram interrompidos, de acordo com a autoridade de telecomunicações, que descreveu a situação como "sem precedentes".