Publicada em 06/08/2022 às 11h05
O saudoso ex-governador de Minas Gerais, Magalhães Pinto, político dos mais experientes, já alertava há décadas: “política é como nuvem. Você olha está de um jeito. Olha de novo e ela já mudou”. A situação do sistema político-partidário em Rondônia passou por transformações importantes durante a semana com relação à sucessão estadual e para a única das três vagas ao Senado, que estarão em disputa em outubro próximo, além dos cargos proporcionais (deputados).
O processo político-eleitoral caminhava como água de poço. Tudo calmo com as diversas correntes se estruturando e negociando acordos, o que é normal nesse período pré-eleitoral. De repente despachos do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Kássio Nunes Marques liberam as candidaturas do ex-governador, Ivo Cassol (PP) à sucessão estadual e do senador Acir Gurgacz (PDT, à reeleição. Ambos estavam inelegíveis.
O quadro eleitoral que estava desenhado mudou. O PP de Cassol, que tem a deputada federal e presidente do partido no Estado, Jaqueline como candidata ao Senado analisava uma parceria com o Podemos, presidido em Rondônia pelo deputado federal Léo Moraes, pré-candidato a governador. Hoje a composição é impossível, porque Léo não teria concordado em ser vice de Cassol e vai enfrentar as urnas como candidato a governador.
Se a previsão de um segundo turno na disputa pelo governo do Estado era praticamente certa em Rondônia, com a chegada de Cassol, não se tem dúvida.
Os dois Marcos (Rocha e Rogério) são candidatos a governador pelo mesmo segmento. Ambos são evangélicos e estão fechados com o presidente Jair Bolsonaro (PL), que concorre à reeleição. A expectativa era que um deles estaria no segundo turno com tendência maior a Rocha, porque realiza um governo com boa aprovação da população. Talvez a escolha do vice (Sérgio Gonçalves) com o mesmo domicílio eleitoral de Rocha (Porto Velho) e sem participação efetiva em processos eleitorais, não venha a ajudar a pretensão de Rocha chegar ao segundo turno. Quem tem pesquisas para consumo próprio sabe como andam os números.
O senador Marcos Rogério, que tem domicílio eleitoral em Ji-Paraná teve uma visão macro e optou por dois fatores importantes na política atual: escolheu uma vice da capital, mulher, e médica do Hospital do Amor, Flávia Caetano, apesar de a exemplo de Sérgio, não ter participação efetiva na política partidária é uma pessoa respeitada e muito querida em sua área. Não tem rejeição, fator muito importante na política.
Os reflexos da chegada repentina de Cassol também atingiram os planos de Léo Moraes, que perdeu o apoio do Grupo Cassol e tem dificuldades para compor uma nominata. E com o problema sobre quem será o vice, ou a vice?
A Frente Democrática (PT, PSB, PCdoB, Solidariedade, PV e PDT), que já está com a chapa completa com Daniel Pereira-SO, governador, Anselmo de Jesus-PT, vice e Acir Gurgacz-PDT) a senador e assiste a tudo com a certeza de chegar ao segundo turno. E tem lógica.
O dia 15 é o prazo máximo para que os partidos apresentem seus candidatos para concorrer a governador, vice, senador e deputados federais e estaduais. Como já dizia Magalhães Pinto, sobre as nuvens, muita água, ainda, irá rolar embaixo da ponte até a data limite para apresentação da lista de candidatos às eleições de outubro próximo.
Quem será o futuro governador de Rondônia? Na lista de candidatos atual seria Marcos Rocha, Marcos Rogério, Ivo Cassol, Daniel Pereira ou Léo Moraes. Mas, como política é como nuvens...