Publicada em 29/08/2022 às 09h33
De janeiro a agosto desse ano, Porto Velho registrou 77 acidentes com animais peçonhentos, conforme dados da Secretaria Municipal de Saúde (Semusa). As ocorrências envolveram, em sua maioria, serpentes e aranhas. A Prefeitura alerta para cuidados com a limpeza e higiene, que podem diminuir a ocorrência desses incidentes.
"Vivemos em uma região que passa por duas situações que facilitam que esses animais apareçam com mais frequência. No período de chuva, se você tem quintal com entulhos, os animais típicos irão atrás de um local menos úmido e podem se alojar nos entulhos. Já no período de seca, as queimadas afugentam os animais para que eles procurem abrigos fora de seu habitat", explicou o biólogo e gerente da Divisão de Controle de Zoonoses (DCZADS) da Semusa, Edson Cruz.
Ao todo, desde o início do ano, foram contabilizados 56 casos de acidentes com serpentes, 15 ocorrências com aranhas, duas com escorpiões, duas com lagartas, uma com abelhas e um acidente foi contabilizado como "outros", categoria que abrange ocorrências com arraias, marimbondos e bagres. Nenhum dos casos resultou em óbito.
Sobre o local da picada, os dados apontam um registro de acidente na cabeça, dois no antebraço, cinco na mão, seis nos dedos da mão, dois no tronco, três na coxa, 20 na perna, 34 no pé e três nos dedos dos pés. "Isso indica que a maioria dos acidentes são do joelho para baixo. Ou seja, cuidados básicos de prevenção e uso de equipamentos para quem faz atividades de campo, evitariam grande parte dos acidentes que acontecem em Porto Velho", falou o biólogo.
PREVENÇÃO
Segundo a Divisão de Controle de Zoonoses, a melhor forma de evitar o contato com esses animais é manter limpas as áreas próximas às moradias. Local sujo, com entulho e vegetação alta, por exemplo, facilita a entrada do animal nas residências, sem que seja visto. Outra orientação é evitar deixar restos de comida na pia durante a noite ou jogar no quintal, pois este material é atrativo para baratas e ratos que, por conseguinte, atraem escorpiões, aranhas, lacraias e serpentes.
A higiene e limpeza em casa, além de prevenir os peçonhentos, também ajuda a controlar a presença do caramujo africano e do Aedes aegypti (dengue, zika vírus e chikungunya) por causa da água acumulada.
O biólogo Edson Cruz ressalta também que a limpeza de quintais deve ser feita com segurança. "A pessoa que vai mexer no jardim, carregar entulhos de um lugar para o outro, é importante o uso de luva, porque quase 20% dos acidentes são em mãos e dedos. Se for capinar ou entrar em um local que possa ter serpentes, use bota, tênis ou perneira", explica.
Além disso, o profissional adverte que as medidas de prevenção devem ser tomadas também em ambientes de lazer. "As pessoas devem lembrar que fazemos parte do meio ambiente e estamos expostos a animais devido à região em que vivemos. Por isso, é importante que antes de entrar em rios, faça-se uma bateção na água com alguma vareta para espantar algum animal que esteja ali, ter cuidado onde pisa e colocar seus pertences. Isso pode ajudar que um dia de lazer não se torne um desastre", falou.
CONTROLE DA FAUNA
De acordo com o gerente da DCZADS, apesar dos animais migrarem à zona urbana em busca de abrigo, grande parte dos acidentes ocorreram por intervenção humana no local de vivência dos animais, sem os devidos cuidados. Contudo, o biólogo lembra que matar um animal para evitar acidentes é crime ambiental e pode interferir na harmonia do ecossistema.
"Não temos casos de infestação de nenhuma espécie da nossa fauna. Em alguns períodos, é até normal que apareça um animal ou outro em residências. A gente precisa ter uma vivência harmoniosa com esses animais porque todos têm um papel fundamental na natureza. Se não tivéssemos serpentes, por exemplo, teríamos uma infestação de ratos no mundo inteiro", explica.
ORIENTAÇÕES EM CASOS DE ACIDENTES
Em Porto Velho, os locais de referência são o Centro de Medicina Tropical de Rondônia (Cemetron) e o Hospital Regional de Extrema. Os locais possuem soro antiofídico para serpentes, soro antiaracnídeo, para escorpiões e aranhas, e o soro antilonômico, para lagartas. "Às vezes, as Unidades de Pronto Atendimento (UPA) são portas de entrada, mas dependendo da situação, a UPA só tem capacidade de tratar a lesão, não o veneno", explica Edson.
A primeira orientação em caso de acidentes é se manter calmo, lavar o local da picada com água e sabão, e seguir com urgência para uma unidade de saúde de referência para esse tipo de atendimento. Ainda é recomendado não fazer torniquete e não colocar nada sobre o ferimento. Segundo o biólogo, tirar foto ou vídeo do animal pode facilitar o socorro médico, desde que não atrase a chegada ao hospital. Quando há crianças e idosos envolvidos, são necessários cuidados redobrados.