Publicada em 15/08/2022 às 15h01
O primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, pediu aos seus compatriotas nesta segunda-feira (15) que se livrem "de todos os resquícios do colonialismo" ao comemorar o 75º aniversário da ex-colônia britânica. A Índia cresceu econômica e demograficamente de forma conturbada, enquanto o sistema de castas e o nacionalismo hindu questionam o modelo de abertura para o futuro do país.
Em frente ao histórico Forte Vermelho em Delhi, Modi prometeu transformar a Índia em um país desenvolvido nos próximos 25 anos.
“Centenas de anos de colonialismo restringiram nossos sentimentos, distorceram nossos pensamentos. Quando vemos que ainda há resquícios do colonialismo, em nós e ao nosso redor, devemos desfazer esse elo”, declarou Modi em um discurso de 90 minutos a partir do forte decorado com retratos de heróis da independência e guardado por elefantes mecânicos.
O premiê encorajou a juventude do país a fazer cinco promessas: criar uma Índia desenvolvida, remover os sinais de subserviência, orgulhar-se da herança, mostrar unidade e cumprir seus deveres.
O primeiro-ministro garantiu que a Índia deve esmagar a "praga" da corrupção e do nepotismo, e seguir o mantra "India First" (a Índia em primeiro lugar), em uma aparente alusão ao slogan nacionalista americano.
Há 75 anos, a Índia britânica se emancipava de séculos de dominação colonial e renascia para o mundo. O preço da liberdade foi a divisão do país em duas partes: uma Índia multirreligiosa, com maioria hindu, e o estado muçulmano do Paquistão. A Índia estava dividida, mas conquistava assim o controle de seu próprio destino.
Potência econômica
Desde que conquistou a independência, a Índia construiu uma das economias que mais crescem no mundo, abriga algumas das pessoas mais ricas do planeta e, de acordo com as Nações Unidas, sua população em breve ultrapassará a China como a mais populosa do globo.
O número de habitantes cresceu exponencialmente de 340 milhões na época da independência para 1,4 bilhão milhões hoje.
Mas, apesar da crescente riqueza do país, a pobreza continua sendo uma realidade diária para milhões de indianos, e desafios significativos permanecem para uma nação tão diversificada em regiões, línguas e religiões díspares.
Muitos, particularmente a minoria muçulmana de 200 milhões de habitantes, temem pelos ideais fundadores da Índia, governada pelo partido nacionalista hindu Bharatiya Janata (BJP) de Modi, um forte defensor da hegemonia hindu.
A economia de quase US$ 3 trilhões da Índia é agora a quinta maior do mundo e uma das que mais cresce. O Banco Mundial promoveu a Índia do status de baixa renda para a de renda média, uma faixa que denota uma renda nacional bruta per capita entre US$ 1.036 e US$ 12.535. Ainda assim, em 2017, cerca de 60% dos quase 1,3 bilhão de indianos viviam com menos de US$ 3,10 por dia.
Ainda que a Índia possa acabar por se tornar o país que mais cresce no mundo nos próximos anos, a nação ainda estará muito atrás de sua meta de crescimento de dois dígitos.