Publicada em 24/08/2022 às 14h54
Os seis meses da invasão russa da Ucrânia representam um "marco triste e trágico", disse o secretário-geral da ONU, António Guterres, ao Conselho de Segurança nesta quarta-feira (24).
"Hoje representa um marco triste e trágico, [na conclusão] de seis meses desde que a Rússia invadiu a Ucrânia em 24 de fevereiro", disse Guterres, que também denunciou as consequências dessa "guerra absurda" que vai "muito além da Ucrânia".
Em particular, ele reiterou "sua profunda preocupação" com as atividades militares em torno da usina nuclear de Zaporizhzhia.
"Qualquer escalada adicional da situação pode levar à autodestruição", alertou.
Sobre esse ponto, em um discurso por vídeo, o presidente ucraniano Volodimir Zelensky disse ao Conselho que a Rússia "deve parar incondicionalmente a chantagem nuclear" e "retirar-se completamente" da central nuclear de Zaporizhzhia.
No início da sessão, o embaixador russo Vasily Nebenzya opôs-se à intervenção de Zelensky, sublinhando que não tinha objeções ao princípio da sua participação, mas sim ao fato de não o fazê-lo em pessoa.
Mas a intervenção foi aprovada em votação dos membros do Conselho (13 a favor, 1 contra, 1 abstenção).
Por sua vez, a representante dos Estados Unidos, Linda Thomas Greenfield, comentou que "hoje marca seis meses de guerra premeditada, injustificável, brutal e em grande escala da Rússia contra a Ucrânia".
"Seis meses de mentiras vergonhosas e violações do direito internacional" e "seis meses de atrocidades terríveis", denunciou.
Em um comunicado conjunto lido pelo embaixador ucraniano após a reunião, cerca de 50 países, entre eles europeus, Japão, Estados Unidos, Colômbia, Turquia e Coreia do Sul, "reiteraram seu pedido de fim imediato das hostilidades da Rússia contra a Ucrânia".
Mas o embaixador Nebenzya atribuiu à Ucrânia toda a responsabilidade e denunciou uma "campanha" dos países ocidentais para "descredibilizar" Moscou.
"Ninguém discute que está difícil para os ucranianos, mas a responsabilidade é do regime de Kiev" que "conduziu o país ao desastre ao escolher o caminho da russofobia e da glorificação de criminosos nazistas", afirmou.
No entanto, Guterres voltou a alertar para a persistente ameaça à segurança alimentar mundial após retornar de uma visita à Ucrânia e à Turquia focada nas exportações de grãos ucranianos, que foram retomadas graças a um acordo internacional assinado em julho.
"Em 2022 há comida suficiente no mundo, o problema é sua distribuição desigual. Mas se não estabilizarmos o mercado de fertilizantes em 2022, simplesmente não haverá comida suficiente em 2023", disse ele.