Publicada em 30/08/2022 às 09h09
Subiu para 22 o número de mortos em enfrentamentos entre grupos xiitas em Bagdá, no Iraque, nesta terça-feira (30). O conflito acontece após o clérigo xiita Moqtada al-Sadr - o político mais influente do país - anunciar na segunda-feira (29) que deixaria a vida política após não conseguir formar governo para comandar o país.
Sadr, que já foi buscado pelos Estados Unidos por se opor à ocupação norte-americana no país, venceu as eleições realizadas no Iraque em outubro de 2021, mas não conseguiu apoio de outros partidos para formar governo, como exige a legislação do Iraque. Desde então o país é governado por um primeiro-ministro interino.
Sua legião de apoiadores, revoltados com a renúncia de Sadr e falta de consenso entre os xiitas para formar governo, invadiram então a sede do governo, em Bagdá, e ocuparam o palácio presidencial. Muitos deles pularam na piscina da residência.
Do lado de fora, porém, houve fortes confrontos com integrantes de outros grupos xiitas - que não apoiam Moqtada al-Sadr. O Exército declarou um toque de recolher na cidade, mas nesta terça-feira os conflitos voltaram a ocorrer.
Al-Sadr pede desculpas
Em mensagem direcionada aos seus apoiadores nesta terça-feira, o líder xiita Moqtada al-Sadr pediu desculpas aos iraquianos pela violência gerada após seu anúncio de que deixará a vida política. Sadr solicitou ainda que seus seguidores deixem o Parlamento do país, que haviam ocupado, e que deixem o conflito.
"Isto não é mais uma revolução porque o caráter pacífico foi perdido. O derramamento de sangue no Iraque é proibido", declarou al-Sadr em um pronunciamento televisionado.
Al-Sadr ficou conhecido após a invasão dos Estados Unidos ao Iraque em 2003, quando se tornou um símbolo da resistência aos norte-americanos. Ele já chegou a ser procurado vivo ou morto pelos Estados Unidos, mas acabou se tornando um político influente e, atualmente, era uma das pessoas mais poderosas do país.
Al-Sadr venceu as últimas eleições realizadas no Iraque, em outubro de 2021, mas não conseguiu, até hoje, a maioria necessária no Parlamento para governar - no Iraque, o voto é feito para o partido, e o que obtém a maioria de assentos, através de votos ou de apoio de outras siglas, indica o primeiro-ministro. Desde então, ele vem tentando formar governo, mas enfrenta oposição de outros grupos xiitas.